O grupo jihadista Estado Islâmico (EI) lançou nesta quinta-feira um ataque surpresa para voltar a entrar na cidade curda de Kobane, onde em janeiro passado havia sofrido sua pior derrota desde o início de sua expansão na Síria.

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No noroeste e sul do país, o regime sírio se encontrava mais uma vez em dificuldades em duas capitais provinciais. Os jihadistas do grupo sunita extremista lançaram um ataque em Hasake enquanto rebeldes enfrentavam as forças do regime em Deera, berço da revolta de 2011 contra o presidente Bashar Al-Assad.

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Damasco, que sofreu uma série de derrotas nos últimos três meses, já perdeu duas capitais provinciais, Raqa e Idleb. Em Kobane (Aïn Al-Arab em árabe), os jihadistas trapacearam, vestindo o uniforme das Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG), a principal milícia curda síria.

Em janeiro, a cidade, na fronteira com a Turquia, se tornou um símbolo da luta antijihadista quando o Estado Islâmico foi expulso após quatro meses de combates.

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O EI afirmou em um comunicado ter “lançado um ataque contra a cidade de Aïn al-Islam após várias operações com suicidas (…) matando dezenas de ateus”, em referência às YPG. Os jihadistas afirmam combater os curdos em várias frentes na cidade.

Os combates, que fizeram ao menos 57 mortos – 35 curdos e 22 jihadistas – prosseguem no início desta noite no sul de Kobane.

O grupo também executou 23 curdos, entre eles mulheres e crianças, em Barkh Butan, uma aldeia ao sul de Kobane, segundo informou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

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No sul da Turquia, o gabinete do governador de Sanliurfa afirmou que os jihadistas chegaram a Kobane “a partir da cidade síria de Jarablos”.

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O grupo Estado Islâmico “quer semear confusão para se vingar da derrota de janeiro e fazer os curdos fugirem”, declarou Idris Nasan, um funcionário da cidade de Kobane.

Combates em Hasake

Nesta quinta-feira ocorreram violentos combates em Hasake, onde pelo menos 20 jihadistas e 30 soldados governamentais morreram.

Cercada desde 30 de maio, Hasake, capital da província de mesmo nome fronteiriça com a Turquia e com o Iraque, se localiza no nordeste da Síria, onde algumas zonas estão controladas pelas forças curdas, indicou o OSDH.

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O ataque do EI em Hasake começou na quarta-feira com ao menos um atentado suicida contra um posto de controle governamental. Depois o EI tomou dois bairros governamentais do sul da cidade.

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– Os civis destes bairros fogem ao norte da cidade – controlada pelos curdos, disse a fonte.

– Ainda ocorrem violentos combates com bombardeios de ambos os lados – acrescentou o OSDH.

A ofensiva do EI nos setores curdos do norte da Síria ocorre após uma série de derrotas jihadistas na província de Raqa, em particular a perda da cidade de Tall Abyad, que permitia ao grupo extremista sunita fazer armas e combatentes transitarem a partir da Turquia.

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As forças curdas encontram-se a 55 km de Raqa, a “capital” do Estado Islâmico na Síria.

Os combates de “Kobane e Hasake formam parte de uma estratégia clássica do EI, que recorre a ataques inesperados e espetaculares como operações de diversão”, declarou Charles Lister, especialista do Brooking Doha Centre. Neste caso trata-se de “distrair os curdos de Raqa”, acrescentou.

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No sul da Síria, perto da Jordânia, as forças governamentais sofrem os ataques de uma coalizão de rebeldes, integrada, entre outros, por milicianos da Frente al-Nosra, o braço da Al-Qaeda no país, e do grupo islamita Ahrar al-Cham.

Forças rebeldes bombardearam posições governamentais na cidade, uma parte da qual é controlada pelos insurgentes, indicaram meios de comunicação estatais sírios.

A maioria da província de Deraa está sob o controle dos rebeldes, que nas últimas semanas conquistaram vários territórios.

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Nesta quinta-feira, o EI divulgou um vídeo que mostra a decapitação de 12 homens, apresentados como integrantes de grupos rivais na região de Damasco.

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Jihadistas voltam a Kobane

*AFP