Setores de inteligência do governo brasileiro teriam detectado tentativas de atração de jovens do país pelo Estado Islâmico (EI), informa o jornal O Estado de S. Paulo. Os recrutados atuariam como “lobos solitários” – pessoas que não integram listas internacionais de terroristas e têm maior mobilidade para realizar atentatos isolados em diferentes países.

Continua depois da publicidade

O jornal apurou que o Palácio do Planalto recebeu relatórios de órgãos diferentes alertando para o problema e que os órgãos de inteligência vêm trocando informações. A principal preocupação da Casa Civil, responsável pela coordenação das discussões internas sobre a questão, é a Olimpíada de 2016. Envolvidos dizem que “a luz amarela está acesa”.

Estado Islâmico publica lista de 100 militares americanos a serem mortos

Pelas investigações, apesar de o Brasil não ter histórico de terrorismo, o interesse do EI é estender o espectro de novos militantes, que hoje está concentrado na Europa, para a América do Sul. Teriam sido identificados, pelo menos, 10 brasileiros convertidos atuando nas redes sociais.

Continua depois da publicidade

Policiais europeus já teriam estado em Brasília no mês pessado para troca de informações com o governo brasileiro.

Conforme o Estadão, a Casa Civil confirmou, em nota, que a prevenção ao terrorismo foi tratada em reunião do grupo de trabalho de segurança pública em grandes eventos na semana passada. No entanto, o governo negou que o recrutamento de brasileiros pelo EI fez parte do encontro.

Ataques do Estado Islâmico matam mais de 60 seguidores de Bachar Al-Assad

Para Cunha, lei antiterror poderia ser votada rapidamente

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acredita que o Legislativo pode votar rapidamente uma legislação específica de combate ao terrorismo. Segundo ele, a iniciativa de propor uma lei específica cabe ao Executivo, mas “é possível que o Parlamento tenha propostas para isso”.

Continua depois da publicidade

– Não vejo problema de debater e votar qualquer mudança de legislação com celeridade – disse Cunha.

A falta de instrumentos legais para reprimir a ação de terroristas no Brasil é apontada pela Polícia Federal e pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) como um dos obstáculos à contenção da entrada do Estado Islâmico no país. A falta de uma lei específica impede, por exemplo, que sejam rastreadas conversas entre internautas e o Estado Islâmico nas redes sociais.

O Congresso analisa propostas sobre o tema há 22 anos, mas os projetos não ganham prioridade porque há uma noção que o terrorismo é uma ameaça distante ao País.

Continua depois da publicidade

Leia as últimas notícias sobre Mundo

PPS vai pedir informações ao governo sobre EI

O líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), informou neste domingo, por meio de nota, que pedirá informações ao governo sobre a atuação do Estado Islâmico no país.

– Este é um tema que deve unir Executivo, Legislativo e o Judiciário porque, sem debate e sem estratégia conjunta, não é possível somar forças para enfrentar esta eventual ameaça”, comentou o deputado. “O Congresso precisa estar envolvido até para fazer as alterações necessárias no nosso ordenamento jurídico, visando fortalecer as instituições – disse Bueno.

Ele informou ainda que pedirá esclarecimentos à Autoridade Pública Olímpica (APO) sobre os protocolos de segurança.

Continua depois da publicidade

* Zero Hora e agências