Pelo menos 64 pessoas morreram, nesta quarta-feira, em um ataque com carro-bomba reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI) perto de um mercado no grande bairro xiita de Sadr City, em Bagdá. O ataque é o mais violento desde o início do ano na cidade, onde o EI realiza ações contra lugares públicos de bairros predominantemente xiitas.
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O número de vítimas pode aumentar, uma vez que a explosão do carro-bomba também feriu 82 pessoas, de acordo com um balanço revisado divulgado por fontes médicas e das forças de segurança.
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A explosão ocorreu em um horário de rush, às 10h (4h de Brasília). O fogo se espalhou rapidamente para as lojas, cujas fachadas foram destruídas.
– Um caminhão tentou entrar no mercado, mas a polícia proibiu a aproximação e pediu ao motorista para recuar. Mas o caminhão encontrou uma outra entrada e explodiu. As pessoas e vendedores daqui são civis inocentes – relatou o testemunha Abu Ali.
Horas mais tarde, o EI anunciou, em um comunicado publicado na internet, que um suicida, identificado como Abu Suleiman al-Ansari, havia detonado o veículo.
No local do ataque, dezenas de iraquianos expressavam sua raiva e frustração, denunciando a inação do governo e dos políticos contra o grupo ultrarradical sunita.
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– Os políticos são responsáveis pela explosão, e as pessoas são vítimas de suas brigas. Os políticos dizem que o exército e a polícia não estão fazendo seu trabalho bem o suficiente, mas na verdade eles são os líderes – criticou Abu Ali.
Crise política
O ataque acontece num momento em que o Iraque é abalado por uma grave crise política. Vários partidos se opõem aos planos do primeiro-ministro de estabelecer um governo de tecnocratas por medo de perder alguns dos seus privilégios.
Essa crise é seguida com preocupação pelos Estados Unidos, que temem um “desvio” das atenções das autoridades da luta contra o EI.
Washington aumentou recentemente o seu apoio militar a Bagdá, para ajudar o exército iraquiano a reconquistar os vastos territórios que caíram nas mãos dos jihadistas desde 2014.
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O EI perdeu terreno ao abandonar várias cidades, incluindo Ramadi e Tikrit, cujo controle foi recuperado pelas forças iraquianas apoiadas por ataques aéreos da coalizão internacional sob comando dos Estados Unidos.
No entanto, os jihadistas conservam importantes redutos, incluindo Mossul, a segunda maior cidade do país, e ainda têm a capacidade de atacar Bagdá e outras áreas predominantemente xiitas.
O último ataque reivindicado pelo EI foi na segunda-feira, quando um carro-bomba explodiu na cidade de Baquba (ao norte de Bagdá), matando pelo menos 10 pessoas.
Irritados com a situação política, milhares de iraquianos – partidários do clérigo xiita Moqtada Sadr – organizaram nas últimas semanas protestos contra o governo. Uma manifestação culminou com a invasão da Zona Verde de Bagdá e a ocupação do Parlamento durante várias horas.
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Há anos, posições-chave do governo estão divididas com base em quotas políticas e sectárias e Moqtada Sadr, assim como o primeiro-ministro Haider al-Abadi, quer um novo governo composto por tecnocratas, capaz de realizar de forma mais eficaz as reformas cruciais para a luta contra a corrupção.
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* AFP