Se resistir às queimaduras sofridas em um atentado na noite da última quinta-feira, no bairro Glória, em Joinville, o morador de rua Waldomiro Pensky, 66 anos, terá um futuro tão incerto quanto era antes de estar entre a vida e a morte no Hospital Municipal São José.
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Ele vivia abrigado em um cubículo construído para o despejo de lixo no muro de uma casa da rua Marechal Hermes, onde estava quando suspeitos atearam fogo em seu corpo. Dois homens acabaram presos pela Polícia Militar, mas as circunstâncias do crime não foram esclarecidas – ambos teriam negado envolvimento no caso. O homem continua internado em estado grave no São José.
Uma neta de Waldomiro diz que a família não acredita que o idoso tenha se desentendido com alguém a ponto de provocar a agressão. Os três filhos e outros parentes acompanhavam a situação dele nas ruas a distância, pois Waldomiro enfrentava problemas com bebida e decidiu ficar fora de casa por opção. O homem está recebendo visitadas de familiares na UTI neurológica do hospital São José e não há previsão de melhora.
A família só tomou conhecimento de que ele estava vivendo como pedinte e catador de material reciclável há cerca de seis meses. Antes disso, Waldomiro dizia que ainda morava com a irmã e dava outras desculpas.
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Todas as tentativas de tirá-lo das ruas e interná-lo em uma clínica para dependentes químicos, conta a neta, foram frustradas. Há dois meses, um dos filhos ainda tentou encaminhar documentação para garantir a aposentadoria de Waldomiro, mas o idoso abriu mão do benefício.
Quando receberam a notícia do atentado cometido contra ele, os filhos se reuniram para discutir a situação do pai.
– Foi decidido que tudo ocorrerá com um passo de cada vez. O estado dele ainda é muito preocupante -, diz a neta.
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Waldomiro teve o rosto desfigurado e também sofreu queimaduras no peito e nas costas. No hospital, a maior preocupação é de que ele possa ser vítima de infecções comuns a pacientes queimados.
Segundo bombeiros informaram à equipe médica, é possível que o corpo do idoso tenha sido banhado com álcool antes de atearem fogo nele.
O analista de sistema Marcos Correia, 32 anos, mora há um ano e meio no bairro e é vizinho de onde vivia Waldomiro e diz que nunca teve problemas com ele e até tentou conversar com o idoso, mas não conseguiu descobrir se o morador de rua tinha família e de onde vinha.
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Na noite de quinta, Marcos estava em casa quando ouviu uma mulher gritando “sai daí moço”. Ele desceu e viu o fogo, mas sem cheiro de qualquer líquido inflamável. Sem saber direito o que fazer, pegou a mangueira do jardim e tentou apagar as chamas.
– Foi difícil de apagar e por isso percebi que havia combustível -, destaca.
Apesar de a perícia ter analisado a cena do crime, a reportagem esteve no domingo no local e constatou que todo o material queimado no atentado ainda não foi retirado, incluindo roupas com vestígios dos ferimentos causados na vítima.