A greve dos caminhoneiros completa sete dias de paralisação e bloqueios nas estradas sem registro de maiores conflitos entre manifestantes e agentes de segurança em Santa Catarina. Até o fim da tarde deste domingo havia pelo menos 73 pontos de rodovias estaduais catarinenses com restrições. Outras 69 rodovias federais de SC tinham bloqueios até a noite de sábado, mas o número de domingo ainda não foi atualizado pela PRF.
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Considerado um movimento legítimo pelo governador Eduardo Pinheiro Moreira (PMDB), o Estado mantém a política de evitar o uso de força e negociar com os grevistas, desde que seja garantida a liberação de cargas voltadas à manutenção dos serviços nas áreas de segurança pública, educação e saúde.
Na tarde deste domingo, três caminhões-tanque deixaram o terminal de armazenamento em Biguaçu sob escolta para levar combustível às empresas que operam o transporte coletivo na Grande Florianópolis. Houve entendimento com os caminhoneiros para que a operação ocorresse sem resistência.
Desde sexta-feira o Estado também mantém negociações mais frequentes para viabilizar a circulação de ração e insumos voltados ao agronegócio. As agroindústrias catarinenses consomem em média de 22,5 mil toneladas de ração por dia e, para que o alimento chegue até as granjas, são necessários 2 mil caminhões circulando diariamente. Durante a paralisação, agroindústrias e produtores rurais trabalham com uma ração mínima para alimentar um rebanho de 7 milhões de suínos e de 206 milhões de aves.
O transporte de suprimentos para granjas e rebanhos tem sido feito com o apoio da Polícia Militar e da Polícia Militar Rodoviária. Mais de 200 mobilizações de escoltas de itens básicos para serviços essenciais ocorreram desde a última sexta-feira no Estado.
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—Continuamos negociando incessantemente com o movimento grevista. Conversando a todo o momento para que eles entendam o espírito humanitário dessas decisões. Apoiamos o movimento, mas entedemos que preservar a qualidade de vida da população é compromisso de todos nós — declarou neste domingo o governador Eduardo Pinho Moreira.
Ações conjuntas voltadas à negociação com os grevistas também foram articuladas com os governadores dos Estados vizinhos, José Ivo Sartori (RS) e Cida Borghetti (PR). Em reuniões com a cúpula do governo do Estado neste domingo estiveram presentes autoridades do Exército, da Aeronáutica, da Marinha, da Polícia Rodoviária Federal e da Federação Catarinense dos Municípios (Fecam).
O general Ricardo Miranda, da 14ª Brigada de Infantaria Motorizada, destacou que Santa Catarina ainda não esgotou as possibilidades de negociação com os grevistas, o que mantém o uso da força uma medida desnecessária até o momento. Na sexta-feira, o presidente Michel Temer anunciou o uso das forças cacionais de segurança para desbloquear as rodovias nacionais.
Segundo informações do governo do Estado, apenas 80 das 1.073 escolas públicas estaduais não terão aulas regulares em função da greve. Na Saúde, o atendimento a pacientes nas emergências dos hospitais catarinenses continua normalmente nesta segunda— somente cirurgias eletivas estão suspensas. Viaturas policiais e ambulâncias trabalham com reservas técnicas de combustível e mantêm operações regularmente. Na agricultura, o Estado ainda não tem registro de mortes de animais por inanição, apesar das dificuldades no setor.
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