Tampões furtados, peças corroídas, baixa pressão e compartimento de registro entupidos ou enterrados. Os hidrantes seguem esquecidos em meio à população, que não para de crescer nas comunidades do Maciço do Morro da Cruz e entorno. Dos 12 equipamentos vistoriados junto ao Corpo de Bombeiros, a Hora constatou que oito estão sem condições de uso.
Instalados na rede de abastecimento da Casan, eles são essenciais para o combate ao fogo, seja no abastecimento dos caminhões ou para instalações emergenciais das mangueiras. Mas alguns só servem para encher baldes, como o equipamento visitado no Morro do Mocotó.
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Somente na Ilha, são quase dois incêndios por dia, segundo o tenente do 1º Batalhão do Corpo de Bombeiros, George de Vargas Ferreira.
– Isto que não estou contando o fogo no mato. Esta Ilha é uma bomba-relógio, e o hidrante é essencial para o nosso trabalho – disse o tenente.
Se o Corpo de Bombeiros é responsável por apagar as chamas, a Casan tem a missão de instalar e manter os hidrantes em bom estado. Mas isso só acontece mediante solicitação, de acordo com o gerente regional da empresa, Marcelino Dutra.
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– Desde agosto de 2010, quando assumi a gerência, só recebemos uma solicitação relacionada a hidrantes, e foi para instalação. Só que o lugar não era atendido pela rede da Casan.
O controle da situação e a necessidade de instalação de hidrantes pode ser acompanhada pelas comunidades, que devem comunicar, através de ofício, o Corpo de Bombeiros ou a Casan.
Onde solicitar?
Corpo de Bombeiros – Serviço de Atividades Técnicas do do Corpo de Bombeiros, Rua Lauro Linhares, 1213, Trindade. Atendimento das 13h às 19h. Telefone: (48) 3239-7119.
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Casan – Rua Emílio Blum, 83, Centro, Florianópolis. Atendimento das 8h às 17h. Telefones: 0800-6430195 (grátis) e (48) 3221-5000 (atendimento geral).
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Hidrante no campus da UFSC também foi reprovado (Foto: Betina Humeres)
O que é um hidrante?
– Equipamento de abastecimento emergencial, feito de ferro fundido, instalado na rede de abastecimento da Casan e que possui três saídas de água e uma caixa com o registro de abertura.
Para que serve um hidrante?
– Serve tanto para combater o fogo diretamente, com a instalação de uma mangueira, como para reabastecer os caminhões do Corpo de Bombeiros em situação de incêndio (mais utilizado). Em condições ideais, ele consegue encher um caminhão de 5 mil litros em menos de 10 minutos.
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De quem é a responsabilidade pelos hidrantes?
– Cabe ao Corpo de Bombeiros avaliar a necessidade e solicitar a instalação e pedido de manutenção dos hidrantes da cidade, mas a Casan, que regula pressão, repõe peças e recoloca os equipamentos em condição de uso.
Qual o critério para se instalar um hidrante?
– Na Instrução Normativa nº 25 do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina (2006), da Rede Pública de Hidrantes, determina para a instalação dos equipamentos que tenham o raio de ação de 250 metros. O equipamento tem que estar ligado em uma rede de abastecimento com diâmetro igual ou superior a 75mm.
Qual a avaliação que se faz dos hidrantes instalados em Florianópolis. Este número de oito equipamentos reprovados entre 12 é comum?
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– Considerando que Florianópolis tem uma média de dois incêndios por dia, sem contar fogo no mato, a condição dos hidrantes preocupa. Mas não devia ser responsabilidade somente do Corpo de Bombeiros e da Casan, mas da população toda. É comum vermos hidrantes com tampões furtados, enterrados, cobertos por concreto ou com o compartimento do registro de abertura entupido. As guarnições utilizam sempre os mesmos para não perder tempo, mas poucos são utilizáveis.
O que pode acontecer em caso de um hidrante em condições irregulares?
– O pior, obviamente. A falta de pressão de um equipamento deste atrasa o reabastecimento do caminhão e no combate ao incêndio cada minuto é precioso. Um compartimento de registro cheio de areia é outro obstáculo neste processo, que não deveria levar menos de 10 minutos. No caso da falta de tampões, a consequência direta é a diminuição na pressão.
Como a população pode ajudar?
– As pessoas podem solicitar a instalação e manutenção do hidrante através da associação de moradores da sua localidade, mediante ofício para o Corpo de Bombeiros. Após uma avaliação, a Casan é avisada para dar sequência ao procedimento.
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Fonte: tenente George de Vargas Ferreira e soldado Dirceu Gamba Jr.
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Hidrante que fica no Morro da Queimada também não está em condições de uso.
Por que a situação dos hidrantes não melhorou desde 2009?
– Não há uma vistoria constante e periódica. Isto é feito, na prática, pelo Corpo de Bombeiros ou pelos funcionários dos caminhões-pipa. Desde agosto de 2010, só tivemos uma solicitação relacionada a hidrantes, e foi para instalação. Só que no lugar pedido, no Camelódromo do Mercado Público, não havia rede da Casan.
Como é feita a fiscalização e manutenção destes hidrantes?
– Nos equipamentos que são constantemente utilizados pelos bombeiros a Casan faz a manutenção. Não fazemos fiscalização para todas as irregularidades nos equipamentos sem uma avaliação técnica do Corpo de Bombeiros. Temos condições de fazer as devidas modificações.
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Os hidrantes estão instalados na rede de abastecimento. Isto não interfere na qualidade do equipamento?
– Não há necessidade de uma rede específica para os hidrantes, como ocorre em outros países. O que ocorre é que durante o dia temos uma pressão mais fraca e à noite a pressão é máxima. Em caso da vazão ser insuficiente, o Corpo de Bombeiros comunica a Casan, que faz um redirecionamento da rede para suprir este déficit. Mas não lembro de ter havido a necessidade ou um pedido deste tipo.
Não houve a instalação e manutenção de qualquer hidrante desde 2009?
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– Desde agosto de 2010, quando assumi a gerência Regional da Casan, nenhum foi instalado porque não foi solicitado. A manutenção foi feita nos hidrantes que são mais utilizados.
Fonte: gerente regional de Florianópolis, Marcelino Dutra.