A Companhia de Águas e Saneamento de Santa Catarina (Casan) se manifestou hoje sobre as críticas apresentadas pelo prefeito de Palhoça Camilo Martins na sexta-feira (4) quanto à suspensão do abastecimento por períodos de 12 horas a cada 36 e a eventual redução de pressão na rede de água tratada da cidade. Na ocasião, o chefe do executivo municipal afirmou que acionaria a empresa juridicamente caso dados apontassem manobras feitas na cidade "em detrimento de outros municípios da Grande Florianópolis". Essas informações seriam, segundo a manifestação de Martins no Direto da Redação da manhã de sexta, apresentadas em uma reunião na tarde daquele dia. Até o fechamento desta reportagem, as informações desse relatório não foram enviadas à CBN/Diário.

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Por meio da sua assessoria de imprensa, a Casan afirmou que o cenário atual pode ser classificado como a maior estiagem da história da companhia e que a seca se estende ao longo dos últimos quatro meses. Na bacia que compreende os rios Pilões e Cubatão, de onde a água fornecida para a Grande Florianópolis é captada, o volume dos rios chega a estar 60% abaixo do normal.

O jornalista Ricardo Stefanelli, assessor de imprensa da Casan, explicou que a situação precisa de chuva e ações emergenciais para ser resolvida.

– Não queremos dar a ideia de que temos apenas que rezar pra chuva. Elas estão 70% abaixo do volume habitual e apesar de estamos na primavera, a precipitação o fim de semana na bacia do Rio Pilões foi de apenas 12 milímetros.

Segundo ele, a empresa tem feito "operações, ações, manobras e investimentos" para garantir que a água chegue de forma proporcional às cidades da região metropolitana. Palhoça consome 22% do volume captado dos rios Pilões e Cubatão, e mesmo tendo municipalizado a gestão e manutenção da rede em 2007, compra água da Casan.

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Conforme a prefeitura e o seu Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), há determinações da companhia estadual para que a vazão de água seja reduzida.

– A redução da captação é distribuída igualmente entre as cidades. A diferença é que em Florianópolis, Santo Amaro, São José e Biguaçu a medição é praticamente de minuto a minuto. Em Palhoça o controle não é online e os técnicos se obrigam a fazer um corte linear. Geralmente as 12 horas sem abastecimento são feitas na madrugada, quando o consumo é menor e não temos como fazer esse controle de outra forma porque não temos ingerência sobre o sistema de Palhoça – afirmou Stefanelli.

Perdas na rede

A Casan também rebateu a informação de que 42,96% de toda a água tratada é perdida em Florianópolis e região, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). O indicador tem apresentado piora e hoje está acima da média nacional (38,3%) e do índice considerado aceitável (15%).

Segundo o jornalista, "o volume de 36% se refere às perdas comerciais", e corresponde às áreas de risco (onde não se consegue fazer a cobrança por uma questão de segurança) e onde há ligações irregulares (gatos).

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– As perdas físicas estão na ordem de 18%, um índice absolutamente universal, principalmente em um país como o Brasil. Ainda assim, contratamos uma empresa para nos ajudar a aproveitar gota a gota – afirmou.

Ouça a entrevista: