Os governadores do Brasil se reuniram nesta quinta-feira em Brasília. A pauta da reunião foi uma só: a reforma da Previdência. Depois do encontro, o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, foi o porta-voz e conversou com a imprensa sobre o teor da conversa. Para ele, a reforma da Previdência deve ser feita ao mesmo tempo nos âmbitos federal e estadual. Leia a entrevista completa:
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Como foi a reunião?
A nossa intenção é de colaboração. A gente sabe que a previdência está se tornando um grave problema para os estados e para os municípios também. Então nós queremos nos colocar a disposição para colaborar, encontrarmos juntos uma forma que melhore a situação do país no presente e, sobretudo, no futuro. Então nós vamos fazer uma reunião com todos os governadores e vamos reunir todos os dados, houve um documento apresentado pelo professor Raul Velloso e através dele nós vamos formar uma posição nossa, uma posição de apoio para que evolua a reforma da previdência e que equilibre as contas públicas a médio e longo prazo.
Essa reunião vai ser aqui? Com o presidente?
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Aqui em Brasília. Não. Vai ser só entre nós, os governadores, na quinta-feira já que quarta é feriado. Nesse dia a gente vai apresentar esses estudos básicos, cada estado mostrando a sua realidade, o seu déficit, a situação que se agrava para o futuro, e a ideia é colaborar e mostrar exatamente a realidade de cada estado.
Tem algum ponto que nos estados é diferente, que não seria atingido pela Reforma da Previdência?
A nossa ideia é unificar, eu dei um exemplo. Em Santa Catarina nós subimos a alíquota dos servidores e também do Estado, de 11 para 14. Isso diminuiu o déficit e torna mais justo o processo. Então que se fizesse isso de forma articulada, todos os estados fazendo ao mesmo tempo, mas claro, isso seria apenas um ponto. Mas outros tantos também . E a verdade é a seguinte, se essas medidas não forem tomadas dentro de alguns anos, não haverá pagamento das aposentadorias, o sistema vai quebrar. O modelo realmente está com um déficit muito elevado e crescendo exponencialmente. Então, é nesse sentido que nós queremos ajudar a achar a melhor solução para o país. E não é a curto prazo, é claro que sempre é um problema de caixa, mas é um problema de enfrentar essa situação que se agrava.
Hoje o Padilha deve apresentar pro Temer realmente a proposta da previdência, vocês já tiveram uma prévia?
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Não. Nós trouxemos o nosso ponto de vista, a gente sabe que essa reunião está acontecendo, mas não temos detalhes dela. Ela vai ser apresentada primeiro, obviamente, ao presidente.
Vocês vão falar com as bancadas federais?
Não, nesse primeiro momento vamos fazer um trabalho, vamos nos associar para trabalharmos em conjunto, inclusive com os municípios que também estão enfrentando a mesma realidade.
Tem um grupo que quer decretar calamidade, como está essa situação, tem pelo menos 14 governadores?
Esse assunto não foi tratado. Eu sei desse movimento, mas eu não estou participando dele.
O que pode ser feito, que medida pode ser tomada para esse movimento?
Nós tratamos da previdência, e a previdência eu acho que é uma coisa explosiva.
Só previdência?
Só previdência.
O presidente se comprometeu a enviar ainda em outubro?
Não, não tem data. É uma coisa que está em curso, ele vai receber dos técnicos do governo pareceres hoje, isso vai se discutir e nós vamos fazer a nossa parte na quinta-feira.
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Os governadores trouxeram apoio à reforma da previdência, é isso?
A gente não conhece a reforma. A gente quer um movimento dos governadores de apoio a reforma da previdência. Ela precisa acontecer pro bem do país, nós tratamos mais da coisa genérica, mais filosófica, mais pontual. Agora o detalhamento a gente vai começar a fazer na quinta-feira e a ideia é fazer uma ação conjunta, quer dizer, entrar no mesmo dia em todos os estados com um aumento de alíquota e também alíquota por parte dos governos, nós já fizemos isso em Santa Catarina. O Supremo considera acima de 14% confiscatório, então que se estabelecesse um limite de 14% , que se trabalhasse com ele para que nós equilibrássemos as contas públicas.
Como o presidente viu esse movimento de vocês?
Ele elogiou e considerou importante para o êxito das mudanças que o Brasil precisa realizar.
E essa ideia de aumentar para 14% é um consenso entre os governadores?
Dos que estavam ali, sim. Tem que ser feito, não tem jeito. É impopular, é difícil, mas é para salvar os salários dos que já estão aposentados e dos que vão se aposentar. É claro que não é a única medida, eu falei dela, mas outras vão ser construídas. E aí tem que ser bem discutido.
Vocês trataram também da PEC do teto de gastos dos estados?
Sinceramente ,esse assunto não foi tratado. Ficamos em torno da questão da previdência.
Vocês já têm uma ideia da questão dos estados, qual é o grau de déficit da previdência?
Tem. O professor Raul Velloso pode dar o estudo para vocês. Nós vamos fazer a reunião na quinta-feira e depois vamos interagir com o governo.
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Não falaram de renegociação da dívida?
Não, não. Nossa ideia foi colaborativa. Temos um problema que está explodindo no país. Vou dar um exemplo. Em Santa Catarina nós temos sete milhões de habitantes, nós temos 49 mil aposentados e 11 mil pensionistas. O déficit no ano passado foi R$ 3,1 bilhões. Não tem como. Vai faltar dinheiro pra saúde, educação, você pode trocar o gestor, a ideologia do gestor e as contas não vão fechar. Nós vamos fazer essas mudanças, é impostergável, temos que fazer imediatamente. E é nesse sentido que a gente quer atuar. E você não pode separar a previdência publica federal dos estados. O ideal é que a gente trate ao mesmo tempo e de uma forma coordenada. Eu acho que não há uma pessoa no Brasil, consciente, que não veja que esse processo está errado, está falido e precisa ser corrigido. Então tem que ter coragem de fazer, é um movimento político indispensável. Tem que ser feito.