A cor verde da grama, a textura das árvores e a criatividade estampada na parede. Os elementos presentes no local representam e eternizam o que Bianca Mayara Wachholz amava em vida e arte. Em homenagem à memória dela e para marcar o primeiro ano de sua morte, foi inaugurada nesta manhã, no bairro Fidélis, a praça que leva o nome da artística plástica.
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O espaço, localizado na esquina da Rua Cristian Wilhelm Staak com a Rua Guilherme Scharf , foi revitalizado e recebeu uma grafitagem com a temática inspirada nas coisas que Bianca gostava. A inspiração veio após o autor da obra, Charles Boaventura Caetano, conhecido como Pilaco, conversar com os pais da artística plástica.
– Não tive a oportunidade de conhecer a Bianca, mas conheci os pais dela e com isso pude contribuir com esta homenagem. Transpassei nesta arte o que ela mais gostava, os pássaros e as cores lilás e púrpura. Uni tudo isso ao meu estilo, para criar algo harmonioso para a família, que remeta a eles um pensamento positivo – diz Pilaco.
A praça surgiu através de uma junção de esforços da comunidade do bairro, amigos e familiares. O nome foi determinado pelo projeto de lei de autoria do vereador Bruno Cunha (PSB), que também conseguiu a aprovação para que o dia 25 de julho seja celebrado como "Dia de Luta contra o Feminicídio”.
Com voz embargada, a mãe de Bianca, Sônia Wachholz, se emocionou durante a inauguração do espaço. Ela recorda que há um ano estava com a filha falando sobre violência contra a mulher, pois Bianca havia confessado que estava passando por esta situação.
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– Neste momento, só peço que as mães e mulheres tenham consciência deste tema e fiquem atentas, pois o mal pode estar bem próximo. Ele deu um tiro na minha filha e acabou me matando também – desabafa Sônia.

A ideia é de que o local possa receber atividades e eventos de conscientização sobre violência doméstica e prevenção de feminicídios. Para a mãe de Bianca, será um ambiente de tristeza, mas ao mesmo tempo de alegria, pois em cada detalhe tem representado o que afilha mais gostava.
– Minha filha sempre foi feliz, com um sorriso estampado no rosto. Esse lugar agora pra mim é um pedaço dela, desejo que as pessoas sorriam quando passarem por aqui, como ela sempre sorria. Principalmente para aquelas mulheres que possam estar passando pela mesma situação, encontrem neste lugar um alento – completa Sônia.
Além da praça inaugurada nesta quinta-feira, Bianca também dá nome a um instituto, criado pelos pais e amigos da jovem com o objetivo de prestar apoio a outras mulheres vítimas de violência doméstica na região. Maria Tereza Peters, advogada e amiga de Bianca é uma das integrantes do grupo que promove palestras e oficinas, que ensinam profissões para estas mulheres que normalmente são dependentes financeiramente dos agressores.
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– Esta praça tão bonita mostra que a morte dela de certa forma foi revertida em várias ações para o bem, como as atividades desenvolvidas pelo instituto – diz Tereza.
O instituto também oferece assessoria jurídica e psicológica para as mulheres vítimas de violência doméstica. Maria Tereza pede para quem estiver passando por qualquer situação como esta nos procure pelo Instagram ou vá até um Centro Especializado de Assistência Social (Creas).
O caso Bianca
Atualmente o caso do assassinato de Bianca Wachholz segue na Justiça à espera de um julgamento. Everton Balbinott de Souza, o ex-namorado da jovem, confessou o crime e vai ir a júri popular responder pelos crimes de homicídio qualificado por feminicídio, motivo torpe e dificuldade de defesa da vítima, além de ameaça e porte ilegal de arma de fogo.