Em terceiro mandato, o delegado João Campos (PSDB-GO) preside a Frente Parlamentar Evangélica, composta por 80 parlamentares. Além de ferrenho opositor da legalização do aborto, é convicto de que o homossexualismo não é um comportamento normal. Sua oposição ao governo é mais religiosa do que política. O deputado se tornou um importante interlocutor do Planalto ao priorizar o diálogo ante a virulência verbal que caracterizam outros políticos evangélicos.
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A mistura de religião com política não contamina as relações entre governo e Congresso?
João Campos – Temos maturidade suficiente para distinguir nosso papel como político e como religioso. Nossa pauta não é religiosa. É de valores, princípios que fazem parte da tradição da sociedade brasileira. Existe uma parcela expressiva da população que não é evangélica e defende a mesma coisa que nós.
A bancada evangélica usa sua força política para fazer pressão e barganha com o governo?
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Campos – Isso é natural do jogo político. Qualquer segmento da sociedade organizada faz isso. Os empresários, o setor médico, cultural. À medida que determinado partido ou governo assume compromissos nos quais acredita, pode ter apoio ou não. Esse comportamento é do conjunto da sociedade, não só do segmento evangélico.
Como vocês avaliam o resultado dessa pressão, levando o governo a recuar em bandeiras históricas do PT?
Campos – Essas bandeiras não são da sociedade, são do PT. E o PT mudou não só com relação a essas bandeiras. Já faz tempo que eles vêm se ajustando por questão de conveniência eleitoral. Essa mudança ocorre na política econômica, nos programas de inclusão social e até mesmo nas privatizações. Isso não é novidade. Aliás, é uma característica do PT. o
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Por trás, não há uma disputa pelo voto evangélico?
Campos – Não temos essa compreensão. Talvez o governo pense assim, ou o PT. Mas não temos o controle do pensamento das pessoas que frequentam a nossa igreja. Trabalhamos a doutrina, a fé. Não fazemos patrulhamento para determinar que um parlamentar evangélico seja de um único partido, de esquerda, de direita.