A coalizão de esquerda italiana aparece com ampla vantagem nas eleições legislativas, mas a direita do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi pode conquistar o Senado, alimentando os temores de instabilidade no futuro governo.
Continua depois da publicidade
Com 97% dos votos apurados, a coalizão do Povo da Liberdade, do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, conquistava 114 das 315 cadeiras do Senado, enquanto a do Partido Democrata, liderada por Pier Luigi Bersani, obtinha 113. Na Câmara, o inverso. Bersani conquistava 29,7% dos votos enquanto Berlusconi, 29% – e, embora a diferença seja mínima, a legislação garante maioria de 54% ao que obtiver a maior parte dos votos.
Uma liderança em votos que não se traduz automaticamente em maioria de assentos (a maioria absoluta é de 158 cadeiras), porque o sistema eleitoral do Senado, muito complexo, dá uma vantagem majoritária a nível regional. Por exemplo, os resultados da Lombardia, região mais rica e populosa, devem pesar muito na balança.
A perspectiva de maiorias opostas na Câmara e no Senado alimentam os temores dos mercados financeiros, que receiam mais do que qualquer coisa a instabilidade governamental na terceira maior economia da zona do euro, em recessão e atormentada com a enorme dívida (mais de 120% do PIB).
A Bolsa de Valores de Milão caiu no vermelho (-0,10%), imediatamente após a publicação das projeções favoráveis à direita no Senado, que vieram contradizer as primeiras pesquisas que davam vitória para a esquerda nas duas câmaras.
Continua depois da publicidade
As pesquisas e projeções também indicam uma onda de votos de protesto: o partido do ex-comediante Beppe Grillo, o Movimento Cinco Estrelas (M5S), conquistará quase 20% dos votos na Câmara, o que lhe fará a terceira força política da Itália.
A coalizão centrista liderada pelo atual primeiro-ministro Mario Monti vem na 4ª posição, com quase 10% dos votos.
Depois de votar pela manhã nesta segunda-feira, cercado por uma multidão de jornalistas, Berlusconi declarou que “a história vai mudar um pouco, vamos ver como”.
Catalisador da agitação social de um país em plena recessão econômica (-2,2% em 2012), ele seduz para além da divisão esquerda-direita com um programa considerado “populista” por seus adversários: fim do financiamento público dos partidos políticos, cortes no número de funcionários eleitos, salário mínimo de 1 mil euros e um referendo sobre o euro.
Continua depois da publicidade
A crise e a austeridade imposta nos últimos 15 meses pelo governo técnico de Mario Monti também têm pesado nesta eleição.
Berlusconi, deixou o poder vaiado em novembro de 2011 com uma Itália à beira da asfixia financeira, fez um retorno espetacular prometendo baixar os impostos e ainda suspender um imposto sobre a propriedade recuperado pelo Governo Monti.
Quanto ao “Professor”, que possuía uma forte popularidade por restaurar a credibilidade da Itália, sofreu os efeitos das medidas de austeridade.
Em relação à taxa de participação, que equivaleria a 75,41% dos votos na Câmara dos Deputados e 74% do Senado, de acordo com os últimos dados disponíveis, em baixa em relação as eleições de 2008.
Continua depois da publicidade
Paralelamente às eleições nacionais, a esquerda poderia ganhar as eleições parciais que acontecem em três regiões do país, principalmente em Lazio, onde a esquerda está bem à frente com 52% a 54% em relação ao candidato da direita creditado com 28% a 30%.
No total, mais de 47 milhões de italianos foram chamados às urnas.