Um esquema que facilitaria a transferência de pacientes em tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para o atendimento prioritário é investigado em Araranguá, no Sul do Estado. Nesta segunda-feira, a polícia deteve um assessor parlamentar da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc), suspeito de intermediar as negociações.

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A polícia acredita que cada paciente pagasse de R$ 5 mil a R$ 10 mil para burlar a fila de espera para cirurgias de alta complexidade – especialmente cardíacas e de redução de estômago -, embora a investigação já tenha identificado pacientes que pagaram valores ainda mais altos para serem beneficiadas.

Nesta segunda-feira, o assessor parlamentar suspeito de facilitar o processo prestou depoimento. Como a investigação não foi concluída e o caso segue em sigilo, o nome dele não foi divulgado. As ações fazem parte da Operação Hígia.

Segundo o Ministério Público estadual (MP-SC), os pagamentos feitos pelos pacientes não seriam destinados apenas ao assessor parlamentar, mas também aos médicos que fizeram as cirurgias pelo SUS. A 2ª Promotoria de Justiça de Araranguá acredita ainda que pessoas ligadas à administração municipal estejam envolvidos no esquema.

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“Rede envolve muita gente”, diz promotora

As acusações aos envolvidos configuram diversos crimes, como inserção de dados falsos em sistema de informações, corrupção passiva, falsificação de documento público e formação de quadrilha. Além de pedir a prisão temporária e a quebra do sigilo bancário do assessor, o MP-SC também requisitou mandados de busca e apreensão de documentos de outros envolvidos.

– É uma rede que envolve muita gente. Pacientes que pagaram para burlar a fila também podem ser penalizados – afirmou a promotora de justiça Cristine Angulski da Luz, da 2ª Promotoria de Araranguá.

As primeiras denúncias sobre o caso chegaram ao MP-SC há pelo menos três meses. Os pagamentos estariam sendo feitos com objetivo de “furar” a fila de espera em lista no Sistema de Regulação Estadual (Sisreg) da Superintendência de Serviços Especializados e Regulação. Os procedimentos cirúrgicos foram feitas tanto em hospitais catarinenses quanto fora do Estado.

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Como a operação ainda está em andamento, o MP-SC e o Gaeco não podem divulgar mais informações sobre os outros envolvidos. Documentos apreendidos devem passar por perícia e serem incluídos na investigação, e mais testemunhas devem ser ouvidas durante a semana.