Parte dos haitianos que têm desembarcado no Rio Grande do Sul nos últimos dias deveria ter ficado em Santa Catarina. No total, o número de imigrantes que deve passar por Porto Alegre – e não necessariamente permanecer no RS – poderá chegar a 240. Nesta terça-feira, o terceiro veículo com haitianos deverá chegar à capital gaúcha.
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Daqueles 60 haitianos que já haviam chegado ao RS, somente um permaneceu por lá, em Lajeado, segundo o governo gaúcho. Os demais seguiram depois para Santa Catarina ou São Paulo – o que aumentou o trajeto para eles. A controvérsia é sobre como tantas pessoas foram parar na rodoviária de Porto Alegre se poderiam ter descido antes onde desejavam.
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Grupo de haitianos chegou à Porto Alegre na última semana
Foto: Jefferson Botega/Agência RBS
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O secretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão, sugeriu uma possibilidade nesta segunda-feira:
– Parte deles ia para Santa Catarina. Esses aí esqueceram de descer. A responsabilidade é da empresa de dizer “aqui é Santa Catarina, podem descer”, e tal. Eles que dizem para onde querem ir. “Tem ônibus aqui, quem quer, embarca”: não é assim. Nós dizemos a rota, eles se inscrevem e nós mandamos. Se eles erraram a rota, a responsabilidade não é nossa.
Estão previstas oito viagens pelo convênio do Acre com o governo federal, todas com destino a Porto Alegre. Mourão garantiu que o Rio Grande do Sul foi informado devidamente sobre a chegada dos haitianos. No entanto, nesta segunda-feira, o assessor Internacional do gabinete do governador gaúcho, Fábio Balestro Floriano, que trata do assunto, tinha poucos dados sobre as próximas viagens. A única melhora foi uma lista com 44 nomes que estarão no terceiro veículo, previsto para chegar nesta terça-feira à rodoviária de Porto Alegre. Nos dois primeiros, nem isso havia.
– Muitos devem ficar no caminho até aqui. Pedimos que viessem somente pessoas interessadas em ficar aqui, até para não fazer com que passem por essa longa viagem – salientou Balestro.
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Do grupo que chegou na última semana, apenas um haitiano ficou no RS
Foto: Jefferson Botega/Agência RBS
O assessor estará em Brasília nesta terça-feira para discutir o assunto com o governo federal. O objetivo é esclarecer o que está havendo para as informações sobre o comboio de haitianos não serem passadas completas para evitar que eles percorram inutilmente o trajeto até Porto Alegre.
Mourão ressaltou que há quatro anos os haitianos estão seguindo para os Estados do Sul, e reiterou que não ficam no Acre “porque não querem”. Os imigrantes costumam passar 10 dias no território acriano, em média, antes de seguirem para outros locais no Brasil.
– Aqui eles são acolhidos, comem três vezes por dia e são documentados. Eles construíram essa rota, que passa pelo Acre, e essa informação é passada para os outros que vêm. Apesar de ser uma rota mais cansativa, mais perigosa e mais cara. Nós estamos diante de um fato consumado: eles vêm e acabou-se – reforçou.
* Zero Hora