A espuma utilizada no revestimento acústico da boate Kiss, onde morreram 237 pessoas no dia 27 de janeiro, foi comprada em uma loja de colchões de Santa Maria. Flavio Boeira, 58 anos, disse que foram vendidas 12 lâminas do material à danceteria.
Continua depois da publicidade
– Não é minha função indagar ao comprador o que fará com a espuma. Esse material geralmente é vendido como colchão a pacientes que ficam muito tempo na cama – disse em entrevista ao Diário de Santa Maria nesta segunda-feira.
Boeira trabalha há 10 anos na loja Colchões & Cia, onde vende colchões e o que chama de “colchonete piramidal”, a espuma usada no revestimento acústico da danceteria. Em tons mais claros daquele instalado na Kiss, o material geralmente é vendido para uso médico. A lâmina, que mede 4m x 5m, custa R$ 330 cada.
Em 2011 e 2012, uma pessoa se identificando como funcionária terceirizada para a reforma da boate teria pedido as lâminas da espuma de cor cinza para fazer o isolamento acústico do local. Boeira fez o pedido para a fabricante Cantegril, única da sua rede que tinha a cor determinada.
– Eu já vendi para igreja, para consultório de dentista e até para síndico que queria abafar ruído de um poço artesiano. Nada na lei diz que não posso vender – disse Boeira.
Continua depois da publicidade
Em entrevista coletiva nesta segunda-feira, o delegado Marcelo Arigony afirmou que não há legislação que proíba o uso e a venda da espuma. O delegado pretende incluir no relatório final do caso uma indicação de mudança da lei para restringir o uso do material. Ele ainda informou que a espuma é comum em vários estabelecimentos na cidade.
– Sabemos, informalmente que, após o incêndio, algumas casas já retiraram o material por precaução – disse Arigony.

