A esposa do haitiano assassinado a facadas em Navegantes, Vanessa Nery Pantoja continua tentando liberar o corpo do marido para sepultamento nesta terça-feira. O casamento não era oficial, por isso o Instituto Médico Legal de Itajaí só aceita fazer a liberação para algum familiar em primeiro grau. Vanessa explica que conseguiu uma declaração de união estável no cartório da cidade, porém o IML não aceitou o documento. Agora, ela diz ter conseguido todos os documentos, mas que o órgão ainda depende de uma informação do consulado do Haiti no Brasil para poder liberar o corpo de Fetiere Sterlin.

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Polícia Civil investiga suposto crime de ódio em Navegantes

Vanessa e Sterlin se conheceram há dois anos, logo que vieram morar em Navegantes. Desde então, os dois viviam juntos. A intenção da esposa é fazer o velório e sepultamento no município catarinense. A Associação dos Haitianos de Navegantes também está prestando apoio para a mulher.

– Até agora não conseguimos liberar o corpo, mesmo com a declaração do cartório. A família disse que já enviou a procuração por e-mail, estamos aguardando que eles liberem hoje – afirma.

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Investigação

A Polícia Civil apurou até o momento que cerca de 10 pessoas atacaram o haitiano e a mulher, além de outros quatro amigos que estavam com eles no bairro Nossa Senhora das Graças. O grupo ia para um baile quando três jovens passaram de bicicleta e gritaram ofensas em crioulo.

Sterlin teria respondido aos xingamentos e acabou sendo ameaçado pelos adolescentes. Os agressores retornam cerca de 10 minutos depois em um grupo maior e os atacaram com facas e ferramentas. A principal suspeita dos policiais para a motivação é crime de ódio.

Algumas testemunhas e um adolescente de 16 anos foram ouvidos pelo delegado responsável pelo caso, Rodrigo Coronha. O jovem deu entrada no Hospital de Navegantes logo após a chegada de Sterlin. Ele disse à polícia que se envolveu em uma briga no mesmo bairro, mas negou ter participado das agressões à vítima – Vanessa, no entanto, afirmou que ele estava junto com o grupo que atacou o marido.

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A polícia ainda não identificou todos os agressores, mas a suspeita é que a maioria deles seja menor de idade.