Imagine-se numa montanha nevada há oito mil metros de altitude. O ar é rarefeito e o chão, cada vez mais íngreme. Botas, luvas, capacete, muita roupa e uma mochila de 16 quilos nas costas. O silêncio o obriga a conviver bem consigo mesmo e cada passo em direção ao cume é uma superação física e psicológica. Esse é o desafio que o jaraguaense Hélio Fenrich vai enfrentar pelos próximos cinco anos, quando escalar os sete maiores picos do mundo.
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O Projeto Sete Cumes levará Fenrich a montanhas nos seis continentes. O objetivo é se tornar o sexto brasileiro e primeiro catarinense a concluir a rota.
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A largada será no início de dezembro, rumo ao Aconcágua, na Argentina. Com 6.962 metros, é o ponto mais alto de todo o hemisfério Sul. Em junho e julho de 2016, ele segue para os montes Elbrus (5.642m), na Rússia, e Kilimanjaro (5.892m), na Tanzânia.
Planejamento
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Devido às condições climáticas, muitos parques fecham em determinadas épocas. Por isso, há uma pausa de um ano no cronograma. A retomada será em junho de 2017, rumo ao pico mais desafiador do projeto: o monte McKinley, no Alasca.
– É como se você estivesse em outro planeta. O acesso é difícil, pois é preciso pegar um voo num pequeno avião até o local. Depois, você puxa todo o seu equipamento para 20 dias num trenó amarrado na cintura e sobe até o início da escalada. São sete dias até chegar ao acampamento-base. É o monte mais frio, mais do que o Everest, e lá faz sol 24 horas por dia. O McKinley será a maior aventura – afirma.
Fenrich conhecerá os 8.850 metros mais famosos do mundo em abril de 2019. Serão dois meses de escalada para chegar ao cume do Everest, na China. O projeto se encerrará em 2020, com as escaladas na Pirâmide Carstensz (4.884m), na Nova Guiné, em agosto, e no maciço Vinson (4.892m), em dezembro, na Antártica.
Superando todos os limites
Esse é o projeto mais desafiador que o jaraguaense desenvolveu. O primeiro passo foi em 2007, quando ele era somente um leitor de reportagens de aventura e soube da chegada do primeiro brasileiro, Waldemar Niclevicz, ao Everest. Ali surgiram as primeiras ideias de conhecer novos lugares e encarar novas atividades. De leitor e fã, ele passou a ser a notícia.
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A primeira escalada ocorreu em 2008, na Huayana Posoti, na Bolívia. Desde então, o esportista subiu montanhas na Argentina, Peru e concluiu 50 quilômetros de trilha na selva amazônica brasileira – além das demais provas de montanhismo.
– É a realização de um sonho, uma superação de limites. Tanto psicológica quanto física. Mas, principalmente, é sobre você traçar um objetivo e superá-lo. Superar os desafios que eu criei para mim – comenta.
Para garantir o sucesso do projeto, o esportista planeja lançar um blog com diário de bordo, um livro e um documentário, além de palestrar em universidades, escolas e empresas. Para viabilizar, ele procura patrocinadores, que podem entrar em contato pelo telefone 9651-3377 ou pelo e-mail heliof@unerj.br.
O superprojeto é complementar à vida de Fenrich, que é casado, tem um filho de 12 anos e trabalha como coordenador de vendas em Jaraguá do Sul. Além de conciliar todas as responsabilidades, ele acabou estimulando a família e os colegas de trabalho também a correr ou praticar atividades. Entretanto, não são todos que têm a coragem de se jogar para além dos limites.
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– Acho que muitas pessoas têm medo. Não vão porque não sabem como chegar ou têm receio de irem sozinhas. Eu sou totalmente ao contrário. Se for para ir a algum lugar e não houver certa dificuldade, não tem graça. O planejamento tem que ser meu: o que eu quero fazer, o que eu quero visitar, onde eu quero chegar – relata.