Passar as festas de fim de ano longe de casa, do outro lado do mundo e sozinhos valeu a pena para dois velejadores do clube Jangadeiros, de Porto Alegre. Mesmo “comemorando” o Natal descarregando o barco do contêiner e saudando o Ano-Novo com ceia de churrasco australiano, Bochecha e Leiteiro, da classe 49er, voltaram para casa como os primeiros nomes brasileiros do esporte já confirmados na Olimpíada de Pequim.
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– Aquilo deve ser carne de bíceps de canguru, de tão duro – lembra André Fonseca, o Bochecha, catarinense filho de gaúchos.
Mas nada tirou a animação dele e do gaúcho Rodrigo Duarte, o Leiteiro, que ficaram do dia 21 de dezembro a 11 de janeiro na Austrália para disputar o Mundial de Melbourne.
– Guardamos a champanha do Réveillon para festejar a vaga – contam.
Esta será a terceira Olimpíada de Bochecha e a segunda de Leiteiro (a parceria começou em Atenas/2004). Em Sydney/2000, Bochecha competiu ao lado de Alexandre Paradeda na 470. Em 2001, ele convidou o já amigo Leiteiro para formar dupla na 49er – classe considerada mais “radical”, com um barco mais veloz. Os dois terminaram em sexto lugar em Atenas/2004.
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– A gente se dá muito bem. Às vezes, uma dupla de bons velejadores não dá certo porque não são tão amigos – diz Leiteiro, que revela não ter problemas nem em longas viagens. – Ainda bem que os dois são bagunceiros! O problema seria se um fosse organizado – ri.
Bochecha e Leiteiro passam quase o dia inteiro no Jangadeiros. São três horas diárias de treino na água, mais duas na academia, mais 40 minutos para montar e desmontar o barco, mais a organização das viagens… E como eles viajam! Este ano, por exemplo, antes dos Jogos, vão participar de cinco campeonatos na Europa.
Quem precisou se acostumar a essa rotina foram as namoradas.
– Elas chegaram depois do barco! – brinca Bochecha, namorado da engenheira Fernanda há quase dois anos.
– Vivem pedindo creminhos e perfumes das viagens. Mas a gente sempre traz errado – diverte-se Leiteiro, que namora a advogada Letícia.
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China promete mar limpo (mas vento que é bom…)
Apesar de a China ser uma das maiores emissoras de poluição no mundo, o governo do país garantiu nesta semana que as águas da costa de Quingdao, palco das disputas da vela na Olimpíada, estarão limpas e cumprindo os padrões internacionais em agosto.
Os velejadores, contudo, parecem mais preocupados com a falta de vento. Calcula-se que o vento soprará em agosto a uma velocidade de cinco nós por segundo. É suficiente para navegar, mas muito longe dos sete ou oito considerados ideais.