A prática de exercícios físicos antes e depois das quimioterapias durante um tratamento de câncer de mama pode ser fundamental para as pacientes. É o que indica um estudo publicado na Oxford Academy, que analisou o estilo de vida de 1.340 pacientes em tratamento para a doença.

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Ao final da pesquisa, os pesquisadores conseguiram constatar que as participantes que praticaram exercícios regulares durante e um ano após a quimioterapia obtiveram bons resultados. Os riscos de recorrência e mortalidade diminuíram de forma intensa, índices que não foram percebidos entre as mulheres cuja prática de exercícios era moderada ou nula.

O estudo de 2020 vem em encontro com uma série de outras pesquisas que têm sido desenvolvidas para fortalecer os índices de prevenção e tratamento ao câncer. Essa conclusão contrapõe uma antiga recomendação dos médicos, que consistia em reduzir as atividades físicas e fortalecer o reforço durante o processo de quimioterapia.

Segundo a pesquisa, é indicado que, durante um tratamento de câncer de mama, as pacientes pratiquem no mínimo 2,5 a 5 horas de atividades moderadas por semana. Já para a prática esportiva aeróbica,1,25 a 2,5 horas de atividade física intensa já é suficiente.

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Impacto em estatísticas

O estudo acompanhou as pacientes pelo período de 15 anos. As mulheres com câncer de mama que atendiam às diretrizes mínimas de atividade física antes e depois do tratamento (dois anos) apresentaram um risco 55% menor de recorrência e 66% menor de morte por qualquer causa — não apenas relacionada ao câncer de mama.

Já entre as mulheres que não cumpriam as diretrizes antes do diagnóstico, mas adotaram o exercício físico como prática após o diagnóstico, as chances de recorrência e morte foram diminuídas em 46% e 43%.

As pesquisas recentes mostram que a prática de exercícios regulares aumentam a força muscular e a capacidade do corpo, benefícios fundamentais durante um tratamento contra o câncer. Ainda, as vantagens estão na redução de alguns sintomas muito prejudiciais da quimioterapia, como a redução de peso, a fadiga — que afeta mais de 70% dos pacientes — e o mal estar.

Recomendações de exercícios durante o câncer

É importante destacar que a prática de exercícios durante o tratamento de câncer difere da normal. Ou seja, não é momento de se exercitar para um objetivo físico, como ganhar massa muscular, perder peso ou reduzir medidas. A intenção é manter o corpo forte e saudável para amenizar os efeitos do tratamento, e por isso, a indicação é optar por modalidades mais leves — como aeróbicos, danças e alongamentos.

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Outro tópico importante é o acompanhamento: assim como a alimentação e qualquer alteração na rotina durante o tratamento de câncer, os pacientes devem consultar os médicos especialistas antes da prática de qualquer exercício físico. Durante o tratamento, é preciso fazer exames para evitar que a prática de atividades físicas represente uma piora no quadro. Ainda, ao qualquer sintoma de inchaço, dor intensa ou sangramento, é recomendado procurar um médico.

Uma vida transformada com exercícios

As pesquisas recentes mostram que a prática de exercícios regulares aumentam a força muscular e a capacidade do corpo, benefícios fundamentais durante um tratamento contra o câncer. Ainda, as vantagens estão na redução de alguns sintomas muito prejudiciais da quimioterapia, como a redução de peso, a fadiga — que afeta mais de 70% dos pacientes — e o mal estar.

Esse foi o caso da psicóloga e triatleta amadora Marisa Kumimatsu, de 54 anos. Ela pratica esportes desde criança, incentivada pelos pais, que a levavam em gincanas. Na década de 80, Marisa foi nadadora federada e participou de campeonatos de natação. Em janeiro de 2018, ela percebeu os primeiros sintomas de câncer de mama.

— Descobri o câncer através do auto-exame que faço durante o banho. Percebi um caroço e avisei meu marido, que é médico radiologista. Marcamos com ele pra fazer o ultrassom. O resultado saiu em uma sexta-feira. Era um carcinoma de aproximadamente quatro centímetros na mama esquerda — detalha.

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Triatleta amadora, Marisa Kumimatsu
Triatleta amadora, Marisa Kumimatsu (Foto: Divulgação)

Marisa conta que o diagnóstico foi um momento muito difícil, especialmente porque a notícia partiu do próprio marido, e na época, a filha estava em um intercâmbio nos Estados Unidos. Apesar do medo, ela decidiu enfrentar a doença e lutar a favor da vida.

— O câncer me escolheu, mas eu pude escolher a melhor forma de enfrentá-lo. Deletei a palavra câncer dos meus pensamentos, e para mim, era outra doença qualquer. Nunca mais pensei que eu estava com câncer. Focava em outras coisas que me faziam feliz – e uma delas era o esporte. — conta a atleta.

O tratamento de Marisa envolveu uma cirurgia (segmentectomia), e sessões de quimioterapia, radioterapia e imunoterapia. Mas, ela reforça que para se manter saudável, ativa e confiante durante esse processo, nunca abandonou o esporte.

Marisa continuou firme no treinamento de triathlon, mas contou com a ajuda de uma assessoria para adaptar o volume e a intensidade para que a imunidade dela não caísse. Todo o processo foi acompanhado e incentivado pelo oncologista dela.

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— Eu fazia quimio em uma segunda-feira, e no dia seguinte, já estava na academia treinando. Tive poucos efeitos colaterais por conta da atividade física. Me sentia sempre disposta e treinava todos os dias, até nos finais de semana — disse Marisa.

Após dois anos de tratamento, ela se viu livre da doença. Marisa relata que o diagnóstico precoce e o autoexame foram os fatores principais neste processo de cura, mas, o esporte foi um grande aliado.

— O esporte foi e ainda é meu grande aliado. Graças a ele tive uma ótima qualidade de vida durante o tratamento. Sempre ativa, disposta e com muita vontade de viver. O esporte pra mim é ter autoconfiança — finaliza.

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