Esporte dá novo fôlego à economia de Itajaí e região

Sol e mar já não são mais os únicos atrativos que trazem turistas ao Litoral. Grandes eventos esportivos que preenchem os calendários das cidades da região tornaram-se alternativa de turismo e renda e já concorrem com o verão no interesse dos visitantes. A vocação local para os esportes ao ar livre e os investimentos em infraestrutura fazem parte do pacote oferecido pelas cidades, que tem atraído os organizadores. No rastro dos eventos, sobra visibilidade de proporções internacionais e oportunidades de negócios para os municípios.

– Ganham os postos de gasolina, a rede hoteleira, o comércio, os restaurantes. A cidade fica bem vista e ganha em divulgação, uma coisa puxa a outra – diz o superintendente da Fundação Municipal de Esportes de Itajaí, Álvaro Provesi.

O mais audacioso exemplo da inserção da região no calendário do esporte é o anúncio da intenção do Beto Carrero World em receber uma etapa do GP de Fórmula 1. A pista já está desenhada, com os traços do projetista alemão Hermann Tilke. A assessoria do parque informa que a proposta ainda está em análise, mas o governador Raimundo Colombo (PSD) demonstra que há interesse do Estado nesse e em outros projetos:

– É um potencial turístico muito grande, com possibilidade de investimentos internacionais também. Vamos estimulando e apoiando porque é importante para desenvolver o turismo _ afirma.

Mais recente cidade a entrar no seleto clube das sedes de grandes eventos – que já inclui cidades como Balneário Camboriú, Bombinhas, Penha e Balneário Piçarras – Itajaí aguarda para 2013 a chegada da regata francesa Jacques Vabre e espera ser oficializada como sede dos Jogos Abertos de Santa Catarina (Jasc) em 2014. Mas ainda colhe os frutos da passagem da Volvo Ocean Race, ocorrida em abril.

A exposição alcançada com a exibição da parada brasileira para mais de 100 países resultou no interesse de empresas ligadas à fabricação de lanchas esportivas e de passeio, que estão negociando locais para instalação na cidade.

– O segmento do turismo náutico e esportivo movimenta R$ 71 bilhões ao ano no mundo e Itajaí vai conseguir uma fatia disso – diz Onézio Gonçalves Filho, secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Renda.

Fora de temporada

É em terra firme, porém, que estão os resultados mais palpáveis da onda de eventos esportivos na região. Diretora de hospedagem do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Balneário Camboriú (Sindisol), Dirce Fistarol afirma que o calendário esportivo promove futuras hospedagens e movimenta o setor durante a baixa temporada – um complemento para o turismo de negócios.

– O esporte traz mídia positiva e é de suma importância para a sobrevivência da hotelaria e do setor de serviços – afirma Dirce.

Gerente da Pousada Vila do Farol, em Bombinhas, que patrocina a maratona internacional K42, Priscilla Aguiar diz que o evento tem conseguido movimentar a cidade há quatro anos no mês de agosto, quando tradicionalmente não há turistas. Até mesmo restaurantes que fecham na baixa temporada têm reaberto na data da competição, que reúne mais de 900 atletas. ? ???

Volvo volta para Itajaí em 2015

Primeira experiência de Itajaí em grandes eventos esportivos, a Volvo Ocean Race passará por aqui novamente em 2015. A confirmação foi feita pelo organizador da Itajaí Stopover, Amílcar Gazaniga. Detalhes sobre o evento, porém, ainda não foram divulgados, já que o anúncio oficial das sedes da regata só ocorrerá em janeiro.

Foi a estrutura montada para receber a Volvo que motivou a escolha de Itajaí como ponto de chegada da Regata Jacques Vabre, no final do ano que vem. Até que cheguem os velejadores, o município espera ter finalizado as obras da marina do Saco da Fazenda, que tiveram a empresa responsável anunciada no início do mês.

O espaço será destinado aos barcos da categoria amadora da regata, que conta com mais de 40 embarcações. Para receber o Jasc, em 2014, Itajaí também tem planos de investimentos. De acordo com o superintendente da Fundação Municipal de Esportes, Álvaro Provesi, a cidade deve construir uma piscina para treinamento e melhorar a estrutura dos ginásios.

– Vamos arrumar a casa. Vai ser nossa oportunidade de remodelação – diz.

Penha investe no esporte sobre rodas A possiblidade de acelerar em uma pista projetada pelo alemão Hermann Tilke, tendo o maior parque de diversões da América Latina como pano de fundo, é o maior trunfo do kartódromo do Beto Carrero World, em Penha. Em menos de dois anos o espaço já atraiu eventos como as 500 Milhas de Kart e o Desafio das Estrelas, que ocorre em Penha pela primeira vez em janeiro.

O parque tem na pista de motocross outra aposta que deu certo. Este ano, a etapa do mundial da categoria, feita no Beto Carrero, rendeu à empresa Romagnolli – que também é responsável pelo Desafio das Estrelas – o prêmio de melhor organização da edição 2012.

– Além de nos dar todo o suporte necessário, o Beto Carrero é um grande polo turístico e um dos maiores parques da América Latina, onde se associa o esporte e o lazer. A região é de fácil acesso com o aeroporto de Navegantes, tem uma grande rede hoteleira, belezas naturais, e é sem dúvida um dos mais belos lugares do país – diz o diretor da empresa, Carlos Romagnolli.

A Romagnolli trará para Penha no próximo ano o Kart dos Artistas e, pela segunda vez, a etapa brasileira do Mundial de Motocross, além de uma etapa do Arena Cross. Todos os eventos vão ocorrer no Beto Carrero World. ?

“O esporte não pode ser tratado como o patinho feio” ?

Entrevista: Sandro Bernardoni, Superintendente da Fundação Municipal de Esportes de Balneário Camboriú

Os eventos que chegam a uma cidade têm importância para os outros municípios da região?

Sandro Bernardoni – Sem dúvida. Para se ter uma ideia, no Mundial de Motocross, em Canelinha, a maioria dos pilotos ficou em Balneário Camboriú. Os pilotos do Desafio das Estrelas, como Fernando Alonso e Rubinho Barrichello, além da equipe técnica e mecânicos, também ficarão todos aqui. A vantagem do turismo esportivo é que o evento, uma vez marcado, acontece. É uma forma de movimentar turisticamente a cidade, um turismo diferente do de negócios e lazer.

Qual é o público dos eventos esportivos?

Bernardoni – Temos diferentes tipos de visitantes, os atletas, a organização e o público. Eventos de maior visibilidade atraem muitas pessoas que vêm para assistir.

O que as cidades precisam ter para receber os atletas?

Bernardoni – Em primeiro lugar, infraestrutura básica. É importante que a cidade tenha um equipamento diferenciado, como uma pista de motocross ou um bom ginásio. O esporte não pode ser tratado como o patinho feio. É qualidade de vida, turismo, movimenta a economia e, se tratado de uma maneira séria, é uma excelente fonte de recursos.