Dia de jogo entre Espanha e Chile, jogo de extrema importância para os espanhóis depois da apresentação vergonhosa contra os holandeses. Pergunto logo pela manhã ao primeiro nativo que encontro em Barcelona: “E aí, que horas é o jogo hoje?”. “Que jogo?”, ele responde. “O de vocês, da Espanha.”, retruco. “Ah! Não sei.”, desdenha o espanhol. “Não vai assistir?”, insisto, antes de ouvir um “Talvez”.
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Fiquei em dúvida se ele não tinha ido com a minha cara ou se realmente não gostava de futebol. Nas ruas, nenhuma movimentação especial. A cidade não parou e o clima de ansiedade era imperceptível. Procuro bandeiras, camisas, representações de incentivo à esquadra espanhola… Encontro muitas bandeiras da Catalunha nos prédios e várias pessoas desfilando a famosa farda do Barcelona. Nenhuma semelhança com a loucura nas ruas croatas antes de abrirem a Copa contra os donos da casa, algo que pude presenciar também.
Às 21h começa o jogo por aqui. Os bares estão lotados… de turistas. Por incrível que pareça, o jogo entre Brasil e México, terça-feira, movimentou mais Barcelona. Conversando com algumas pessoas que cá estão há mais tempo fica mais fácil de entender essa espécie de indiferença.
Os catalães de certa forma não se consideram espanhóis, o que faz com que não se sintam representados pela seleção nacional.
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Eles têm um idioma próprio e costumes distintos do restante da Espanha. Para se ter ideia da dimensão do sentimento, em novembro deste ano está para acontecer um referendo sobre a independência da Catalunha.
Espanha fora da Copa do Mundo. Clima de velório em Barcelona? Que nada, amanhã tem praia e eles seguem morando numa das melhores cidades do mundo.