Espetáculo que estreia nesta sexta-feira revela detalhes sobre artista joinvilense

A estreia do espetáculo Interferências Schwanke, da Cia. VAi! – Núcleo de Pesquisa em Artes Cênicas, nesta sexta-feira, será em um espaço icônico, ainda que muito comum para a comunidade artística de Joinville: o Teatro da Ajote, na Cidadela Cultural Antarctica. O galpão da antiga cervejaria é vizinho do futuro Museu de Arte Contemporânea Luiz Henrique Schwanke, promessa há mais de dez anos de abrigo para o acervo do artista morto em 1992.

Mais do que uma merecida homenagem ao joinvilense que deu o pontapé para a criação de arte contemporânea na região Norte de SC, o espetáculo ressignifica sua obra ao transportá-la para o espaço teatral e divulgá-la às novas gerações.

Não que Schwanke tenha sido indiferente às artes cênicas. Em pesquisas feitas pela companhia para a criação da peça desde 2012, os integrantes da Cia. VAi! descobriram que o teatro fazia parte de um passado esquecido do artista.

– Descobrimos que ele tinha uma vivência teatral, com peças em Curitiba e criações cenográficas. Então fizemos o caminho inverso ao pensar: será que esta experiência não está impregnada na arte dele? Fomos encontrando potencial cênico nestes objetos e, a partir dele, criamos a composição – conta o diretor Raphael Vianna.

Formado em artes visuais pela turma de 2003, Vianna teve o primeiro contato com Schwanke na universidade. Instigado pelo caráter emblemático do artista, que ainda nos anos 70 introduziu a arte conceitual em Joinville, guardou esta curiosidade para usar em sua trajetória nas artes cênicas. Ao lado dele na sala de aula estava Alena Marmo, que se tornaria uma das referências em pesquisa sobre a obra de Schwanke na década seguinte. É ela quem assina a supervisão teórica da peça, garantindo a base acadêmica do trabalho.

Além disso, a Cia. VAi! utilizou o Modo Operativo AND como matriz para a criação cênica, método inventado pelo coreógrafo João Fiadeiro e pela antropóloga Fernanda Eugênio. A técnica contemporânea de improvisação transfere o protagonismo para o objeto, que é a grande estrela do trabalho do joinvilense. Assim, Interferências Schwanke torna-se um espetáculo que conversa com as diferentes formas de arte, do teatro à dança e às artes visuais.

– O que estamos fazendo é revistar a obra dele, da mesma forma que, apesar de ser um artista contemporâneo, ele revisitou os clássicos da pintura, como Caravaggio, Mondrian, da Vinci – explica Vianna.

O espetáculo terá três apresentações em Joinville neste fim de semana. Depois a companhia pretende levá-lo não só a festivais de teatro, mas também a eventos de artes visuais.

Agende-se

O quê: espetáculo Interferências Schwanke, da Cia. VAi! – Núcleo de Pesquisa em Artes Cênicas

Quando: hoje, amanhã e domingo, às 20h30min

Onde: Galpão da Ajote, na Cidadela Cultural Antarctica (Rua Quinze de Novembro, 1.440, América, Joinville)

Quanto: hoje e amanhã, os ingressos são gratuitos. No domingo, à venda na bilheteria do teatro a R$ 20, com meia-entrada para estudantes, professores e idosos