Espetáculo premiado é apresentado neste fim de semana em Blumenau

Num das paisagens no palco, a Espanha, a homossexualidade e as doenças de Luis Antonio – Gabriela. Em outras cenas, a história se passa no Brasil, com a família e o irmão e diretor Nelson Baskerville, que inclusive fora vítima de abuso sexual de Luis Antonio na infância. Três décadas de distância e a notícia da morte do irmão.

Quando alguns questionamentos vêm à tona, como “mas vocês nunca mais se viram?” e “você não foi nem ao enterro?”, Nelson responde: “Não. Fiz esse espetáculo”. É essa história de perdão e descobertas que ganha o palco da Fundação Cultural de Blumenau neste sábado e domingo, às 20h, com entrada gratuita, em uma realização do Sesc, que traz a premiada peça Luis Antonio – Gabriela, da Cia. Mungunzá, de São Paulo.

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Entre a vida real e a arte do teatro, outras perguntas surgem facilmente numa conversa com Nelson. Como, afinal, o diretor da peça Luis Antonio – Gabriela, uma das mais premiadas nacionalmente, lida com a cortina aberta para a própria história e sentimentos?

– Sou o homem mais feliz do mundo. Se todos tivessem a oportunidade de transformar a vida num espetáculo, as pessoas seriam mais felizes. A arte é a aceitação da realidade – ressalta Nelson, com a voz inspirando convicção e sensações de realização.

Ele comenta que o espetáculo é uma tentativa de abertura do assunto da homossexualidade e de travestis. A proposta, segundo Nelson, é mostrar não apenas um, mas todos os lados de um assunto que ainda tem muito a evoluir.

– O meu irmão não teve opção. Foi expulso da escola e da família. Fomos injustos. Mas não cabe mais a culpa e o julgamento. Acredito que tenho muito a contribuir sobre o assunto. A arte é exposição e você pode tocar as pessoas, principalmente quando alguém que conta a história fez parte dela e inclusive foi abusado sexualmente. Não há ninguém que assista à peça e não fale: “nossa, eu nunca pensei nisso” – comenta Nelson.

Para o diretor, o espetáculo da própria história de vida é um perdão bilateral. Um perdão ao irmão, à família e à própria plateia que nunca pensou sobre todos os lados da homossexualidade.

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