
Para que o processo de desenvolvimento econômico e tecnológico de uma região gere impacto significativo e seja duradouro, ele precisa ter três características: 1) Ser organizado; 2) Ser coordenado e; 3) Constantemente acompanhado.
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É de suma importância que a região possua um plano de desenvolvimento econômico bem definido, a partir do estudo de áreas como: competências humanas, localização geográfica, estrutura populacional, clima, recursos naturais, necessidades sociais e potenciais regionais em geral.
Com base nestes estudos, torna-se menos complexo definir as prioridades econômicas da região, de modo a permitir que os investimentos, tanto públicos quanto privados, possam ser aplicados nas áreas que apresentam maior necessidade ou vantagens comparativas.
Tech SC: fique por dentro do universo da tecnologia em Santa Catarina
Um bom modelo a ser seguido é o da Smart Specialisation – European Comissian. Elaborado após a identificação de que uma das principais causas da ineficácia da política de competitividade da década passada na União Europeia foi a dispersão de recursos e a utilização de uma abordagem comum para territórios diferentes. A partir da metodologia construída por membros da União Europeia, 18 países e 170 regiões do continente estão registrados na plataforma colaborativa e executando seus planos de especialização.
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Na medida em que as áreas de especialização estiverem definidas, os Centros de Inovação e as entidades parceiras devem organizar as instituições, empresas e profissionais ligados ao ramo para a formação de estruturas de cluster. Os Centros de Inovação e os clusters devem caminhar na mesma direção das cadeias de valor, de forma organizada, alinhada e mobilizada em busca de recursos, de conhecimentos e da construção de uma infraestrutura necessária para o desenvolvimento do setor. Planos de ação especialmente para os clusters devem ser elaborados para que estes compartilhem e avaliem as possibilidades de aplicar tecnologias já em uso ou em desenvolvimento, por outros setores ou por si.
Para tanto, a realização encontros periódicos é essencial, de modo que haja o compartilhamento de tecnologias entre setores e que permita que sejam buscadas novas ideias, parceiros, fornecedores e insights sobre como as mais recentes soluções podem agregar valor aos seus negócios.
Outro fator imprescindível para o desenvolvimento do ecossistema é a atenção especial com setores-chave da região, dado a partir da coordenação conjunta entre os poderes locais e baseada na identificação dos ativos e dos gargalos existentes. O mapeamento e a análise do contexto local apontarão para as necessidades, por exemplo, de um curso de graduação ou pós-graduação, da atração de uma empresa âncora, da instalação de um laboratório compartilhado específico ou de uma nova política pública.
Em Santa Catarina, por exemplo, temos o trabalho desenvolvido pela Fiesc, o Programa de Desenvolvimento Industrial Catarinense – PDIC –, que pode ser usado como fonte de consulta e orientação. O PDIC identificou os setores indutores de desenvolvimento nas mesorregiões catarinenses, as visões de futuro de cada setor, traçou um plano de ação setorial para ajudar cada setor a atingir sua visão de futuro.
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Finalmente, para que haja o acompanhamento eficiente destas ações, é imprescindível a criação de uma câmara, um observatório ou a realização de um convênio com uma instituição especializada. Será esta iniciativa que acompanhará os resultados, identificará as tecnologias que estão impactando os diferentes setores e permitirá com que todos cresçam de maneira sinérgica.
*Fabiano Odebrecht é diretor executivo da Incubadora Gene de Inovação e Tecnologia