A Apple continuará a ser a empresa da inovação tecnológica e do marketing depois da saída do carismático Steve Jobs? Os especialistas, que o celebram como criador sem igual e organizador de talento, estão divididos. Os graves problemas de saúde de Steve Jobs já eram conhecidos. Mas o mercado ficou abalado após o anúncio de sua saída do cargo de diretor executivo na quarta-feira. A segunda maior empresa em capitalização nas bolsas, até então em ótima situação financeira, caiu mais de 5% no pregão eletrônico após o fechamento da Bolsa de Nova York.
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A Apple conseguirá se reinventar sem Jobs? Produtos tão revolucionários como o iPhone e o iPad serão criados?
– As pessoas que adoram tecnologia e informática dizem: quem vai nos proteger da mediocridade e dos produtos baratos? – afirma o empresário francês Jean-Louis Gassée, ex-executivo da Apple.
O escritório de consultoria e pesquisa em tecnologia da informação Gartner é mais otimista:
– Eu acredito que a Apple vai conseguir se virar – diz o analista Van Baker.
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– É certo que isso marca o fim de uma era, mas não podemos esquecer que a Apple é muito mais que uma única pessoa, mesmo sendo esta pessoa o Steve Jobs – acrescenta seu colega Michael Gartenberg.
Esta é a mesma opinião de Frédéric Filloux, da publicação especializada no setor de novas tecnologias e comunicação Monday Note.
– Eu não acredito que seja uma catástrofe, ele teve tempo suficiente para preparar sua sucessão e instalar uma cultura empresarial e de organização interna, com homens de sua confiança que irão perpetuar seu trabalho – acredita, antes de lembrar que os problemas de saúde de Jobs começaram em 2004.
– É verdade que Steve Jobs era um grande visionário, mas ele soube formar suas pessoas. A Apple se concentra em linhas de produtos que são as mais simples possíveis e as mais eficazes – opina Filloux.
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Isso possibilita ter por exemplo “uma parte do mercado enorme com um único modelo de telefone, o iPhone”.
– Depois do retorno ao controle da empresa em 1997, Jobs teve coragem de criar esta cultura, que do meu ponto de vista, é inalterável, não vai se desfazer em dois anos – afirma o especialista.
Para assegurar a continuidade, existe uma parte “hereditária”, Tim Cook, que “é menos carismático que Steve Jobs, mas inacreditavelmente forte” e uma equipe responsável pelo design arrojado, sob o comando de Jonathan Ive. A isso, acrescenta que a empresa está em boas mãos: “os empresários que estão ali desde um certo tempo, já estão na casa dos 50 anos e são dedicados às suas tarefas”.
Já em termos de imagem, a Apple ficará órfã com a saída de Jobs, diz Olivier Bomsel, da empresa ParisTech.
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– No campo da tecnologia, a Apple equivale a um grande ateliê de costura. Steve Jobs para a Apple é uma espécie de astro do rock ou criador de mundo. É a mesma situação da Dior após a morte de Christian Dior, ou da Chanel depois da morte de Coco Chanel – argumenta Bomsel.
Ele cita a figura de Jobs como o grande responsável pela ascensão da empresa:
– Na música por exemplo, ele conseguiu fazer do iPod um emblema da experiência musical do consumidor, já que antes era o U2 ou os Stones. Quem vai agora personificar a experiência da Apple? – questiona.