Para saber o alcance dos ataques a bases da Polícia Militar registrados no Estado e como as autoridades podem agir para evitar novas surpresas, o Diário Catarinense ouviu dois especialistas da área.

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Eugênio Moretzsohn, coronel aposentado do Exército e especialista em segurança, e Luiz Fernando Flores Filho, presidente da Comissão de Segurança, Criminalidade e Violência Públicas da Ordem dos Advogados do Brasil em Santa Catarina (OAB/SC) defendem a ampliação das investigações.

Confira os principais trechos das entrevistas feitas por e- mail:

Diário Catarinense – Houve pelo menos seis ataques à PM. O que pode estar ocorrendo?

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Eugênio Moretzsohn – Pode ser exibicionismo (demonstração de força) de grupos em busca de autoafirmação diante de rivais e “respeito” dos demais grupos. Entendo que, até ter os fatos esclarecidos, a polícia prefira tratá-los como “atos de vandalismo”, pois a palavra “atentado” causa sensação de insegurança social, nos remetendo ao terrorismo urbano.

Luiz Fernando Flores Filho – A primeira hipótese é de se tratar de casos isolados de vinganças pessoais, praticadas por quem tenha sido alvo de um ato legítimo da Polícia Militar. A outra hipótese, que nos parece ainda prematuro afirmar neste sentido, é de que seja uma ação orquestrada, portanto, algo maior, a exemplo do que já ocorreu em momentos recentes.

DC – Como o Estado deve agir para evitar que isso se se alastre?

Moretzsohn – Inicialmente, aumentar o nível de alerta e prontidão, para não expor os próprios policiais a riscos além dos necessários ao cumprimento de suas missões, os quais, aliás, já são muitos. Em segundo lugar, intensificar as ações de inteligência, motivando os informantes e o disque-denúncia a produzir informes úteis. Em terceiro, investigar com competência para prender e apresentar ao Ministério Público provas suficientes.

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Flores – Considerando que estes atos criminosos não tenham relação um com o outro, o que resta é buscar apurar os responsáveis e processá-los, como de regra se faz quando se está diante de qualquer crime. Todavia, se a hipótese for de “algo maior”, o Estado não pode se mostrar fraco. Deve responder com rigor, não confundir licenciosidade com liberdade, procurando por meio dos mecanismos de inteligência das polícias apurar quem está por detrás desses atos e punir.