Foram sete meses de caminhadas, fotografias, medições e muita pesquisa por todas as ruas de Blumenau. Assim o carpinteiro especialista em enxaimel Paulo Volles, acompanhado da também carpinteira Gisele Diel, produziu um levantamento inédito sobre casas que sobrevivem ao progresso do tempo e da história. Eles encontraram 226 edificações que preservam características originais das construções a partir da técnica construtiva típica da Alemanha e catalogaram endereços, condições e medidas de cada residência com o objetivo de criar um banco de dados que possa servir de fonte para outros tipos de pesquisa.
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:::Em 50 anos metade das construções em enxaimel vai desaparecer em Blumenau
Volles explica que o trabalho nasceu da vontade de saber quais eram as condições das casas enxaimel que ainda existem em Blumenau. Em um contato com o presidente da Fundação Cultural, Sylvio Zimmermann, surgiu a ideia de criar algo oficial e assim foi feito o projeto Levantamento de Casas Enxaimel de Blumenau, financiado com recursos do Fundo Municipal para a Cultura. Além dos dois especialistas, a arquiteta Angelina Wittmann prestou consultoria.
Pesquisa gerou desconfiança
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Com os recursos na mão, eles partiram para a pesquisa de campo. Volles afirma que passaram por todas as ruas de Blumenau para garantir que nenhuma construção ficaria de fora:
– Queríamos reunir o maior número de informações possível do enxaimel de Blumenau em um lugar. Não conseguimos entrar em algumas casas porque elas estavam fechadas, mas tivemos acesso a 80% delas, fizemos medições, reunimos dados e as informações mais importantes. Com esse levantamento é possível reconstruir qualquer uma dessas casas, caso elas sejam perdidas.
O pesquisador conta que a equipe teve de enfrentar a resistência dos proprietários das casas em diversos locais e explicar com paciência a importância do levantamento.
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– No Centro as pessoas ficavam bem desconfiadas, principalmente porque boa parte das casas abriga comércios, então queriam anotar nome, telefone, ligar para o patrão autorizar. Mas onde tivemos mais dificuldades foi na Vila Itoupava, muita gente dizia que não queria falar e não dava nenhuma informação. Os locais onde fomos mais bem recebidos foram os que ficavam mais longe das áreas urbanizadas – revela.
>> Veja mais detalhes do estudo: