Precisamos voltar os olhos à prevenção
*Por Décio Marcellino (Empresário, atleta e terapeuta)
Considero Joinville uma cidade com uma boa qualidade de vida, e vejo isso dentro de alguns aspectos diferentes, como o fato de morarmos perto da praia, nosso trânsito ainda ser bom comparado com outros lugares, e, principalmente, por estarmos acordando para o ciclismo, o pedestrianismo e as corridas.
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Temos uma frequência quase mensal de competições aos finais de semana, e o interessante é que a maioria dos participantes busca mesmo é a própria superação, completar a prova ou melhorar seu tempo. Sem sede por vitória. Por conta disso me tornei um corredor, e percorro a cidade quase todas as manhãs em busca da minha própria qualidade de vida.
Em outro viés, também procurei colocar o corpo em movimento por meio da dança. Pude perceber que somos supridos por diversas escolas de dança de salão em Joinville, sendo a dança um elemento que contribui de muitas maneiras para uma melhor qualidade de vida, embora seja necessário reconhecer que podemos melhorar. Somos a cidade da dança, mas na dança de salão ainda dançamos pouco.
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Temos várias montanhas próximas e muita mata, que podem ser visitadas e usufruídas. Associações comerciais e industriais daqui possuem uma política de recebimento, acolhimento e orientação para novos empreendedores, resultando em diversos ramos de negócio inovadores na região. Sabemos que um dos efeitos de uma má qualidade de vida é o estresse e que a depressão é a grande sombra da qual nenhum de nós está livre.
A fim de combater isso, faço um trabalho voluntário junto ao Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e junto ao Serviço Organizado de Inclusão Social (SOIS), onde estou ajudando a reativar a Associação dos Portadores de Transtornos Mentais, Familiares e Simpatizantes (REPART) em Joinville.
Percebo que temos uma excelente qualidade no Sistema de Saúde Mental da cidade. Claro que há muito o que fazer ainda, mas foi algo que mudou a ideia que tinha do nosso Sistema Único de Saúde, que se mostra muito eficiente nesse aspecto. É preciso, no entanto, que voltemos nossa atenção também para medidas preventivas.
Também, como psicodramatista, faço um trabalho voluntário com dependentes de álcool e drogas em recuperação. Nesse assunto, precisamos evoluir para uma nova percepção, encarando a dependência como doença e como resultado final de um processo de má qualidade de vida.
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Temos vários centros terapêuticos, e temos também dentro da Rede de Atenção Psicossocial, o CAPSad que trata exclusivamente de dependência de álcool e drogas, com um trabalho bastante inovador. Novamente aqui, o que nos falta é uma maior ação preventiva.
Penso que devemos investir em programas de prevenção ou de manutenção da qualidade de vida. Sabemos que as formas de trabalho ainda vigentes são agentes alienantes, gerando trabalhos sem sentido e por consequência o adoecimento de pessoas e famílias. Temos um índice de suicídios local que me parece desproporcional e precisaria ser estudado e atacado. Precisamos começar a olhar para tudo isso.
Academias da melhor idade é o que Joinville precisava
*Por Thereza Cardoso de Miranda (Aposentada e ex-atleta)
Quando era moça, gostava mesmo é de correr. De lá para cá, já se passaram décadas, e lembro que era raríssimo vermos moças praticando a corrida, ou mesmo a caminhada, pelas ruas de Joinville. Acho que esse é o fator que mais se transformou na nossa cidade nos últimos anos.
Hoje, em qualquer horário do dia, vemos centenas de pessoas, entre homens, mulheres e até adolescentes, botando as pernas e o corpo para trabalhar nas nossas avenidas e calçadas
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É claro que diversas coisas contribuíram para isso, como a rotina noturna da cidade ter aumentado bastante, além das condições estruturais para que a caminhada fosse possível. Não dá pra falar disso sem citar as calçadas ao redor do batalhão, que se tornaram o grande ponto de concentração de quem quer se exercitar no Centro.
Hoje, a idade já não me deixa mais correr por ai, e aos poucos, fui me tornando um pouco sedentária, me descuidei com a alimentação e os alertas médicos já começaram a aparecer. Foi um momento bem estressante da minha vida, pois não conseguia me exercitar, e o exercício sempre foi uma prioridade em minha vida. Foi quando eu vi aparecer a tal da academia da melhor idade.
Na época, era do outro lado da cidade, longe da minha casa, mas li no jornal que a ideia era expandir o projeto e aplicar em todos os bairros. Poucos meses depois, construíram uma aqui no Guanabara, pertinho da minha casa, e quando visitei o lugar, fiquei encantada.
Não demorou até a notícia se espalhar, e muita gente começou a aparecer para usar os aparelhos ao ar livre. Hoje, me exercito ali pelo menos duas vezes por semana, e já perdi a conta de quantas amizades legais fiz na pracinha.
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Não é exagero dizer que, quando uma estrutura dessas aparece em uma região residencial, que não tinha nenhuma opção parecida, o impacto na qualidade de vida é enorme. As pessoas começam a fazer exercícios, saem da mesmice, alteram suas rotinas, fazem amizades.
Esse é o tipo de iniciativa que precisa ir adiante. Já que os números oficiais dizem que temos uma qualidade de vida acima da média, então vejo que daqui para frente nossa cidade precisa trabalhar para, pelo menos, manter esses níveis altos.
A gente sabe que o Centro oferece alguns lugares legais e seguros para quem quer se exercitar, mas como estão as coisas nos bairros? As pessoas também podem contar com um espaço próprio para isso ou a única opção é dividir espaço com os carros, ônibus e caminhões?
Olhando de cima, como a maior cidade de Santa Catarina, essas academias da melhor idade representam um investimento não tão imenso, mas sei que ao menos para mim, a diferença foi enorme.
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