Florianópolis recebeu o maior evento de inclusão digital para empresas do Brasil nesta quinta-feira. Com foco nas oportunidades comerciais da Copa do Mundo de 2014, o Ecom 2012 foi promovido nas 12 cidades-sede brasileiras, além de Belém e Florianópolis. A capital catarinense foi incluída pela localização estratégica e pelo potencial turístico. Confira algumas dicas valiosas do especialista Rodrigo Demétrio:

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1. Use as redes como pesquisa de mercado

Hoje, as empresas estão tendo mais dificuldade para fazer pesquisas de mercado. Como comenta o especialista Rodrigo Demétrio, fundador do Facileme, um aplicativo que cria lojas virtuais dentro do Facebook, as pessoas atravessam a rua quando percebem que estão na mira de algum pesquisador. Além desta aversão das pessoas, encomendar um levantamento desse tipo custa caro. As redes sociais, por outro lado, são gratuitas. E nelas, as pessoas compartilham os seus gostos pessoais e as suas opiniões sobre as marcas. O empresário também pode usar os recursos do Facebook, como por exemplo os aplicativos de enquete para avaliar produtos já consolidados ou desenhar novos. A Ruffles é uma empresa que lançou um novo sabor, o strogonoff, com base em pesquisas nas redes sociais.

2. Melhore o atendimento

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As redes sociais são um meio para a fidelização do cliente. Nelas, dá para chamar os consumidores pelo nome. Assim como é fácil identificar a insatisfação dos clientes com algum produto e dar uma resposta rápida a eles. Segundo Demétrio, há casos de empresas que diminuíram drasticamente a sua equipe de 0800 por causa das redes sociais, que acabam servindo como um suporte poderoso ao Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC). As redes são o lugar em que as empresas descem do pedestal e falam de igual para igual com os clientes.

3. Capriche no conteúdo

Demétrio diz que de 100 publicações no Facebook ou Twitter, apenas 10 devem ser sobre a empresa. O ideal é que todo o restante seja de conteúdo relevante para o seu público alvo. Por exemplo, se você tem uma marca de bijuterias, o plano estratégico de comunicação deve prever divulgar assuntos periféricos à área, como moda e beleza. Algumas empresas entram para as redes lançando uma promoção atrás da outra. Mas é importante lembrar que promoções nada mais são que conteúdo sobre a própria empresa e devem estar na cota das 10 publicações, apenas. Para conquistar seguidores, é preciso ser relevante.

4. Coordene a frequência de publicações

Normalmente os empresários entram para as redes sociais empolgados, publicando a toda hora. O problema é que não planejam a frequência dessas publicações. Ao longo do tempo, vão diminuindo o conteúdo, sem perceber que os usuários estão esperando a mesma constância do início. É preciso calcular qual será o tempo disponível para dedicar-se às redes. Sobre o número ideal de postagens, não há uma regra fixa. Mas, para empresas de varejo, por exemplo, o recomendado são duas publicações no Facebook e 10 no Twitter por dia. O empresário precisa lembrar, ainda, que é melhor entrar para as redes sociais devagar, com calma, analisando como os concorrentes se posicionam e juntando elementos para construir a própria estratégia. O ideal é que pelo menos uma pessoa na empresa tenha dedicação exclusiva para a interação na internet. Principalmente porque, nas redes, os clientes esperam uma resposta rápida.

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5. Promova os seus clientes

Diferente da publicidade na TV, rádio, jornais e revistas, o marketing na rede social permite o retorno dos usuários. Por isto, este é o lugar em que empresas e clientes podem conversar de igual para igual. Aproveite a chance para criar uma teia forte de divulgação do seu negócio, promovendo os fãs da sua página. Você pode fazer uma publicação sobre a empresa de algum cliente, ou sobre qualquer outra iniciativa interessante que tenha partido dos seus fãs. Use também o Instagram para a construção dessa teia. O empresário que tiver um restaurante pode relacionar ao perfil do seu negócio as fotos que os seus amigos tiraram no restaurante. Os seus seguidores e fãs vão acabar fazendo divulgação para o seu negócio.

Entrevista

“É fácil migrar um negócio físico para o virtual”

Marcelo Castro é especialista em marketing estratégico e organizador do 2º Seminário Nacional de Comércio Eletrônico, Meios de Pagamento e Negócios na Web, o Ecom 2012, que percorreu as cidades-sede da Copa 2014 e terminou ontem, em Florianópolis.

Diário Catarinense – Qual é o objetivo do Ecom e por que realizá-lo em Florianópolis?

Marcelo Castro – O Brasil vai receber 1,5 milhão de turistas estrangeiros nos próximos grandes eventos esportivos, sem contar o público brasileiro. E o perfil desses turistas é de usuários digitais. Infelizmente, um estudo do SPC Brasil, divulgado nesse ano, identificou que 75% das empresas, no país, não tem um site na internet. Isso quer dizer que os turistas da Copa das Confederações, Copa do Mundo, e Olimpíadas não vão conseguir encontrar essas empresas. Posso dizer, até, que esses empresários são analfabetos digitais. O objetivo do Ecom é informá-los da revolução digital nos negócios que está chegando junto com a Copa. Hoje, 53% dos celulares são smartphones, que já estão sendo utilizados, por exemplo, para pagar o táxi e gerar cartões de embarque em viagens de avião. O evento, também, pretende capacitar as pessoas para essa revolução. O evento está sendo realizado nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo, e também em Belém em Florianópolis. A capital catarinense foi escolhida porque está estrategicamente posicionada entre duas cidades-sede e, segundo o Ministério do Turismo, é um dos principais destinos de estrangeiros do Brasil.

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DC – Como os empresários podem alavancar os seus negócios na internet pensando nos próximos eventos esportivos no Brasil?

Castro – O concorrente do empreendedor não é mais aquele do outro lado da rua, mas o do outro lado do mundo, que exporta para o Brasil a um custo baixíssimo. Mas a internet mostra a esse empresário que ele também pode atacar. Por exemplo, quando sair a tabela dos jogos da Copa, ele deve checar quais serão os jogos em Curitiba e Porto Alegre e fazer ações de marketing, nas redes sociais, focadas nos turistas estrangeiros dos países daqueles times. O público da Copa vai buscar tudo pela internet e, é provável, que se vier às cidades vizinhas, não dispense passar por Florianópolis, um dos melhores destinos turísticos do país.

DC – As empresas precisam, necessariamente, ter uma loja virtual?

Castro – Sim. E é muito fácil migrar um negócio físico para o virtual. Assim como é possível montar uma empresa apenas no meio digital. É claro que o e-commerce, hoje, precisa melhorar. Os consumidores ainda têm medo de fraudes, de clonagem do cartão e do mau atendimento. Mas é preciso entender que estes problemas também existem na loja física. E é um processo. O que não dá para fazer é fugir dessa revolução digital nos negócios, que é inevitável. Certos riscos serão superados pelas facilidades da compra online. As pessoas não têm mais tempo para respeitar os horários do comércio físico. O mundo dos negócios apenas surfa as ondas do mercado. E a onda da vez é o e-commerce.

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