Para corresponder ao ritmo acelerado da vida moderna, a alimentação tornou-se cada vez mais industrializada, terceirizada e de rápida ingestão. Bolachas, salgados da padaria, sanduíches de fast food, bebidas engarrafadas: tudo vem embalado e pronto para comer no intervalo entre os compromissos. Assim, alimentos pobres em nutrientes passam a ser a principal fonte para o corpo e, quanto mais o tempo passa, mais difícil é quebrar esse ciclo vicioso.
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Para isso, a principal dica é: se organize. Tente garantir cinco boas refeições, de preferência feitas em casa. A nutricionista Juraci Verdi enfatiza a diferença entre alimentos e produtos, porque muitos que lotam as prateleiras dos supermercados são pobres em nutrientes. E o corpo humano precisa de vitaminas, minerais, cálcio, ferro e zinco; e não gorduras, açúcares e corantes para funcionar.
Para quebrar o ciclo da má alimentação, Juraci recomenda iniciar o dia com frutas, integrais e proteínas. No famoso pãozinho, em vez da margarina, prefira patês caseiros feitos de berinjela, grão de bico, salsinha ou abacate, por exemplo. Já prepare também o café da tarde, que pode ser pão, tapioca ou frutas, para levar ao trabalho.
Nem sempre é possível almoçar em casa, então a nutricionista orienta a improvisar um bom almoço no bufê por quilo. Primeiramente, muitas verduras, sempre acompanhadas do tradicional arroz e feijão – não tem segredo. Conforme a nutricionista, a proteína pode ser do peixe grelhado, coxa de frango – pois os hormônios e anabolizantes se concentram no peito – e um bife tradicional de carne vermelha, preferencialmente do músculo dianteiro, porque há menos toxinas. Para economizar, o jantar pode ser o repeteco do almoço.
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– Percebo uma onda de conscientização em relação à alimentação, sobre comer melhor, saudável, orgânico, “comer comida”. As pessoas estão muito adoecidas, estão inflamadas – como o planeta que está aquecido, estamos juntos. E isso faz as pessoas olharem mais para o seu prato, independentemente da correria ou da situação. E dá para melhorar sem mudar o orçamento – afirma a nutricionista.
Receitas saudáveis entram na rotina e trazem mais disposição
Há alguns anos, alimentar-se era um ato automático na rotina do psicólogo Bruno Herzog, 28 anos. Por causa da ansiedade, chocolate era devorado e a sensação de estar insatisfeito, permanente. Foi preciso estimular os sentidos para experimentar outros sabores. Segundo o psicólogo, a transição foi fácil, pois ele havia encontrado os motivos certos: já não comia carne bovina há cinco anos, por motivos espirituais, e há um ano e meio teve contato com situações políticas e sociais que o fizeram priorizar os alimentos orgânicos produzidos pela agricultura familiar.
– Meus motivos principais foram a movimentação política que envolve a agricultura e como isso afeta diretamente as pessoas, mas elas não percebem. A maior parte das decisões de demarcação de terra e as leis que regulamentam a produção de alimentos são para beneficiar o agronegócio, que desemprega, oprime o agricultor familiar, incentiva a utilização de agrotóxico e desmata para criar pastos para alimentar os animais que irão para a mesa – afirma.
Desde que decidiu pela mudança, o preparo dos alimentos tornou-se um dos compromissos mais importantes do dia para Herzog. Planejar receitas nutritivas variadas, germinar sementes e colocar os grãos de molho fazem parte de cada dia. Tudo é preparado em casa: o café da manhã, o almoço e o lanche da tarde.
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Mudança exige paciência
– É uma mudança de rotina ótima, pois é um convite a parar a correria diária e focar em si mesmo, no seu alimento. Cozinhar assim é terapêutico. A transição é um período de autoavaliação, pois é uma desintoxicação do seu corpo e exige paciência e determinação. Desde então, me sinto muito mais bem disposto – diz.
Para Herzog, há boas opções de comidas vegetarianas em Joinville, mas não exatamente saudáveis, pois pode haver uso de farinha branca, açúcar e sal refinado, xarope de milho e soja, em sua maioria transgênica. Com poucas opções de estabelecimentos com comidas cruas e germinadas, que são ricas em nutrientes, a saída é valorizar as feiras de produtos orgânicos.
Para ele, o preço dos orgânicos compensam, porque saciam mesmo em poucas quantidades. Além disso, afirma ser mais barato preparar as refeições em casa e levar para o trabalho, em vez de ir a restaurantes.
– Exige atenção e tempo, mas dinheiro, não.