Na semana em que os números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o Produto Interno Bruto (PIB) confirmaram o registro de recessão técnica no Brasil, especialistas avaliam se a situação do Brasil é melhor ou pior do que a de outros países emergentes, como Índia, China e Rússia.
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Para o governo, a sensação foi de alívio quando o IBGE anunciou a queda de 1,8% do PIB (soma de bens e serviços produzidos no país) nos primeiros três meses deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. Especialistas e a própria equipe econômica do governo esperavam uma queda maior.
Nesta sexta-feira, durante agenda oficial no Sergipe, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou otimismo com o desempenho superior ao esperado.
– Fiquei muito feliz com os números do IBGE. Um pouco triste porque caiu mais do que eu esperava que fosse crescer, mas muito menos do que alguns analistas e muito menos ainda do que os meus adversários (esperavam) – declarou Lula.
Mas alguns analistas discordam do otimismo do presidente. Levando-se em conta o PIB das maiores economias entre os países emergentes – o chamado BRIC, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia e China -, os números mostram que dois destes países estão atravessando a crise melhor do que o Brasil.
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Na China, o ritmo de crescimento diminuiu, mas permanece positivo em 6,1%. Na Índia, o PIB permanece positivo em 5,8%. Nesses dois países, ao contrário do Brasil, não há
recessão.
Na Rússia, o PIB sofreu uma queda de 9,5%. Neste caso, o país sofreu com a queda do preço do petróleo, um dos seus principais produtos.
Para o economista José Roberto Mendonça de Barros, a China e a Índia estão em melhor posição que o Brasil para enfrentar a crise porque tiveram um crescimento muito grande no ano passado.
– Temos China e Índia que são dois casos muito importantes do lado positivo. A produção (nesses países) vai cair muito pouco e, ao contrário, eles vão crescer este ano e crescer bastante ano que vem – avalia Barros.
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O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, acredita que não há como comparar o Brasil com os países asiáticos:
– São economias bastante diferenciadas. As duas economias asiáticas tiveram uma redução no nível de atividade. Elas estavam crescendo muito mais rapidamente que o Brasil, e têm uma composição do seu produto distinta da nossa.
Para o economista Carlos Eduardo de Freitas, o Brasil não será um dos primeiros a sair da crise porque depende da recuperação da economia mundial.
– O governo conta que há uma recuperação da economia brasileira. É verdade, há os indícios, há os sinais, há os sintomas, a economia está se recuperando. O que ele não conta é a segunda parte da história, é que essa recuperação pode encontrar um teto que é a nossa dependência da economia internacional. Pode encontrar, mas pode também não encontrar. Pode ser que a economia internacional se recupere junto conosco – analisa Freitas.
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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, acredita que o pior já passou e diz que novas medidas do governo vão ajudar o país a sair rapidamente da crise.
– Nós já estamos em um processo de recuperação em relação à crise que houve nos dois trimestres que já passaram. (…) Nós vamos tomar medidas para baratear os investimentos no país de modo que eles vão retomar o mais breve possível – afirma Mantega.
As informações são do site G1 e do Jornal Nacional.