O uso das redes sociais para monitorar em tempo real o sequestro da engenheira Carolina Luisa Vieira, de 28 anos, na sexta-feira, quando saía da aula na UFSC, levantou uma discussão entre especialistas em segurança.
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Para a maioria, fatores como o despreparo do sequestrador contribuíram para um desfecho sem conotação trágica:- A princípio, era um sequestro-relâmpago que acabou sendo arrastado. Existem protocolos para esse tipo de crime. Enquanto polícia, a gente se preocupa que sejam adotadas práticas não recomendáveis e que possam colocar a vida da pessoa em risco – observa Ildo Rosa, delegado da Polícia Federal.
Um dos policiais da Delegacia Institucional da PF, que trata de crimes ligados a questões de cibernética, Rosa lembra que a divulgação de crime em curso, no caso, das redes sociais, traz uma provocação à sociedade atual.
– O fato mostra o crime podendo ser acompanhado em tempo real. Na outra ponta, quando a internet é usada para crimes, a polícia faz monitoramento a partir de denúncias e pressupõe a exigência da quebra de sigilos. Penso que deva haver uma flexibilização das leis e dos conceitos, mesmo éticos – explica.
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Fabricio Bortoluzzi, mestre em Ciência da Computação, concorda com o uso das redes sociais em caso de crimes: No caso da engenheira que foi sequestrada, eu teria feito o mesmo. Até ontem à noite, as mensagens sobre o sequestro continuavam disponíveis no seu Facebook. Ferramenta usada pela família e que permitiu com que o crime fosse acompanhado pela internet apresentava os números da mobilização: houve compartilhamento de 5.129 mensagens. Em razão do ocorrido, a família da engenharia decidiu que deveria manter-se longe de novas exposições para que Carolina possa retomar a sua rotina. O sequestrador, Moisés Thiago Santos de Queiroz, 22 anos, está preso.