A menos que o governo federal decida intervir nos preços, o que é improvável, passageiros de avião deverão pagar tarifas mais caras durante a Copa de 2014 no Brasil. Não adiantaria espernear, é a lógica de mercado. Especialistas alertam que as companhias aéreas estão sob o regime da livre concorrência. Podem baixar ou elevar os valores de acordo com a procura de clientes.

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James Rojas Waterhouse, professor de Engenharia Aeronáutica da Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos, aposta que as empresas vão aproveitar a Copa para faturar. Será um movimento natural, até para se recuperar de prejuízos e acumular gordura. Waterhouse acha, inclusive, que haverá “um pico de preços exacerbados”, que pode beirar a extorsão.

– Isso acabará prejudicando aquelas pessoas que não querem ver a Copa, mas precisam viajar a serviço, por questões de saúde ou de família – observa Waterhouse.

O pesquisador da USP lembra que há duas maneiras de se evitar a alta nas tarifas. Uma seria o tabelamento de preços – medida considerada fora de cogitação. Outra seria permitir que empresas estrangeiras, especialmente do Chile e da Argentina, pudessem operar no Brasil durante a Copa, sob licença temporária. No entanto, haveria consequências, como a superlotação dos aeroportos.

– Esbarraria em outro problema, que são os gargalos da infraestrutura – alerta Waterhouse.

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O Brasil está investindo na ampliação dos aeroportos. O professor da USP diz que há três logísticas com que se preocupar: pistas de pouso, pátio de estacionamento das aeronaves e terminais de passageiros. Waterhouse avalia que as obras estão aceleradas, mas pondera que as pistas de Congonhas e Guarulhos, em São Paulo, já se aproximam do limite.

Perdas na receita também sinalizam reajustes para a Copa. André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), diz que os preços dos bilhetes avançaram 12,34% em outubro. No entanto, nos últimos 12 meses, a queda acumulada chegou a 23,03%. Segundo os indicadores da FGV, as passagens aéreas comprometem 0,19% do orçamento doméstico de famílias com renda entre um e 33 salários mínimos mensais.

A retomada dos aumentos já é notada. O presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens no Estado (Abav-RS), Danilo Martins, informa que, atualmente, só é possível comprar bilhete para o período da Copa com tarifa cheia, isto é, sem descontos promocionais.

– Os preços serão maiores que a média, com certeza – prevê Martins.