Mais de 5 mil pessoas tiveram que deixar suas casas em Blumenau no ano de 2008. Os desabrigados foram encaminhados para 1.824 moradias populares do programa Minha Casa, Minha Vida e outros receberam ajuda para custeio de aluguel emergencial. Edeltraud Rautenberg, 75 anos, foi uma delas.
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A aposentada não lembra precisamente a data, mas foi às 22h15min de um dia no fim de novembro que ela ouviu um estouro e se escondeu com a filha no quarto. Uma avalanche de terra destruiu casas, todos os móveis da dela e matou cinco vizinhos.
– Parece que a gente fica paralisado, só grita, só chora. Não sei como consegui reconstruir a minha casa. Agora olho para a minha rua e metade dela é só mato – diz Edeltrautraud, fazendo menção às nove casas que foram interditadas e demolidas Rua José Rautenberg, na Velha Central.
O geólogo e doutor em engenharia civil Juarez José Aumond avalia três variáveis que naquela ocasião de 2008 não eram predominantes e hoje passam a ter um peso maior em relação às áreas de risco em Blumenau. A primeira delas é o adensamento urbano nesses locais. Em segundo, Aumond cita a questão das mudanças climáticas, nas quais os eventos meteorológicos estão mais recorrentes, intensificados, imprevisíveis e localizados.
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– A última variável, que considero positiva, é a coletividade ter mais consciência dos problemas das áreas de risco e a Defesa Civil está melhor e mais preparada, minimizando os impactos e elevando a percepção de risco da população.
Para resolver a questão da ocupação irregular dessas áreas, o geólogo e engenheiro civil acredita que poder público e iniciativa privada devem pensar a longo prazo em como se preparar para receber moradores de menor poder aquisitivo em locais seguros da cidade.
– É necessário pensar no município de uma maneira mais abrangente e antecipar as áreas no entorno da cidade com condições hidrológicas, geomorfológicas e sanitárias para a população. Mas o município sozinho não tem condições de fazer isso.
O naturalista e ecólogo Lauro Bacca acredita que para resolver a ocupação de áreas de risco o poder público deve concentrar esforços em ações de fiscalização:
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– A Defesa Civil deve ser modelo não apenas para atuar durante a desgraça, mas fiscalizar adequadamente construções em áreas impróprias e em desacordo com as leis. O município deveria ser responsabilizado criminalmente se ocorrer alguma morte no futuro.