Na sexta-feira, o secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, confirmou que o pacote de US$ 700 bilhões será usado para a compra de fatias de bancos em dificuldades. O modelo é semelhante ao aplicado na Suécia em 1992. Em meio a uma crise bancária, o país nacionalizou todo o sistema financeiro. Anos depois, o governo recuperou quase tudo o que investiu. Ontem, foi anunciada a aprovação da compra do banco Wachovia pelo Wells Fargo nos EUA.

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Estatizar é a solução?

Fernando Ferrari, professor de Economia da UFRGS

“Não sei dizer se é a solução definitiva, mas não há outra no curto prazo. Os bancos centrais terão de assumir os passivos das instituições e assegurar liquidez. A exposição da fragilidade do sistema resgata a necessidade de discutir a construção de uma nova arquitetura financeira internacional, ou seja, um novo Bretton Woods, que tenha uma instituição capaz de assegurar que o sistema flua naturalmente. Esse debate foi abortado porque prevalecia a idéia de que quanto menos regulação, melhor. Independentemente da solução de curto prazo, é preciso voltar a essa discussão.”

Roberto Troster, sócio da Integral-Trust

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“A nacionalização dos bancos é uma boa saída. O sistema financeiro está fraco, e os bancos centrais estão injetando confiança. Não há outra opção. É o que tem de ser feito. O mundo está bem diferente do que era há um mês. Piorou, e bem. Será uma injeção de capital para recuperar a economia.”

Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES

“Um cobertor só apaga a fogueira se for maior do que ela. Não é esse o caso do sistema financeiro internacional. A acumulação financeira sem qualquer controle multiplicou as transações financeiras a um volume que é 10 vezes a riqueza mundial, isto é, temos cerca de US$ 67 trilhões (PIB mundial) e um castelo de cerca de US$ 140 bilhões em transações complexas e arriscadas que está desmoronando. Embora os governos dos países centrais tentem assegurar que vão assumir a responsabilidade sobre a tragédia, o drama continua. Esse edifício colossal foi construído baseado em confiança – que agora desapareceu.”

Gráfico: entenda a crise financeira