Especialistas ajudam a decidir entre alugar ou comprar imóvel

Os brasileiros prezam pela compra da casa própria e, muitas vezes, deixam de avaliar os benefícios de se alugar um imóvel. Se, por um lado, os bancos estão oferecendo condições de financiamento facilitadas, com juros mais baixos e inclusão de mais de um membro da família para dividir o valor da compra, a locação garante um contrato mais rápido e uma maior flexibilidade para quem ainda tem planos de mudar de cidade e de carreira. Profissionais que trabalham na área destacam que renda mensal e contexto familiar são as palavras-chave na hora de decidir qual opção vale mais a pena para o morador.

O doutor em finanças comportamentais Jurandir Sell Macedo, consultor de Finanças Pessoais do Itaú, desmistifica a máxima de que “quem compra terra, não erra”. Para ele, jovens e recém-casais devem alugar um imóvel até que tenham estruturada a família e a carreira, porque nessa época muitas propostas de emprego podem vir de outras cidades e ainda não se sabe qual o tamanho que a família terá no futuro.

– Quando noivos resolvem casar, um apartamento de um quarto já é suficiente. Mas se forem comprar um imóvel, já pensam nos filhos que terão, nos dois carros que querem ter, se vai ser necessário um quarto a mais para a futura empregada, o que torna a compra muito maior do que eles precisam no momento.

Localização deve ser levada em conta

Márcia Guerreiro, sócia da Guerreiro Negócios Imobiliários, de Florianópolis, acredita que é mais interessante comprar um imóvel do que alugar. Porém, o principal fator que deve balizar a decisão é o local em que o imóvel à venda se encontra.

– Não são dois pesos e duas medidas. Às vezes, a pessoa só consegue comprar uma residência em bairro muito distante do local do trabalho. Aí vale fazer o contraponto de quanto vai gastar com alimentação fora de casa, prestação do financiamento e locomoção para ir ao trabalho e levar os filhos no colégio. Muitas vezes vemos que as pessoas compram e depois vêm que não se tornou viável; mais valia alugar perto dos locais que frequenta – avalia.

Independentemente da escolha, o valor gasto com aluguel ou com financiamento não deve comprometer a renda familiar. Heron Silva, Gerente de Negócios da Brognoli Imóveis, da Capital, lembra que, em média, o morador deve gastar 30% do que ganha com a despesa.

– O ideal é que não comprometesse mais de 25%, mas é difícil que isso aconteça na prática.

Aluguel

Por que vale a pena

– A flexibilidade é maior. Ainda que o contrato valha por 30 meses, em um ano o inquilino pode se mudar para um local que ache mais conveniente. Se a família cresceu, por exemplo, pode ser alugado outro imóvel com mais quartos.

– Facilidade com a documentação: o tempo entre iniciar o contrato e ter a chave do imóvel é menor em comparação com a compra de um.

– Aluguel de um imóvel próximo ao local de trabalho pode se tornar mais barato do que a compra de uma residência afastada, uma vez que gastos com alimentação e transporte podem encarecer as contas no final do mês.

Por que não vale

– A conta de aluguel pode aumentar ou diminuir ao longo dos anos, mas não acaba. A compra do imóvel pode demorar, mas acaba, com a vantagem de que, ao final, ele é seu.

– É preciso ter dinheiro para dar uma boa entrada e reduzir o tempo de financiamento.

Compra

Por que vale a pena

– É um patrimônio mantido por muito tempo, que costuma ser passado de geração para geração.

– Imóvel é um bem difícil de vender apenas uma parte. Bens menores podem vender mais rápido, mas geralmente a pessoa gasta o dinheiro na mesma velocidade.

Por que não vale

– Imóvel tem depreciação. Um edifício de mais de 20 anos e um novo têm o preço do metro quadrado bastante diferente.

– Loja comercial não deve ser comprada, segundo o economista Jurandir Macedo, porque implica em um investimento alto para a empresa, que deixa de usar o dinheiro para aplicar no negócio. Além disso, a região pode se desvalorizar em alguns anos

– Comprar imóvel para alugar raramente é bom negócio, quando se quer ter renda. Aconselha-se comprar um fundo imobiliário, que é mais fácil de vender e não precisa pagar imposto de renda sobre ele.