Ao olhar para as águas escuras e sentir o cheiro de esgoto do rio Cachoeira é difícil pensar que ele possa voltar a ser o mesmo rio por onde os primeiros imigrantes passaram a bordo de embarcações para chegar a Joinville. Especialistas afirmam que é possível despoluir o rio, mas apenas um trabalho em conjunto, entre a população e o poder público, vai colaborar para que o resultado seja alcançado.
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Artista plástica se inspira no Rio Cachoeira para criação de obras
A engenheira sanitarista e professora da Universidade da Região de Joinville (Univille) Therezinha Maria Novais de Oliveira acredita que em dez anos será possível ver o rio Cachoeira novamente com as águas limpas.
Para isso, é necessário investimento imediato em um programa de despoluição, que concentre esforços em aumentar o tratamento de esgoto, eliminar os pontos de descarte inadequado de resíduos, controlar o lançamento de efluentes industriais e fortalecer a educação ambiental.
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– Dessa forma, não precisaríamos investir muito em tecnologia. As fontes poluidoras seriam eliminadas e a tecnologia seria bem mais simples para fazer o rio Cachoeira voltar a respirar. Se continuar como está hoje, vamos levar uns cem anos (para despoluir) – explica.
Segundo a especialista, todo corpo hídrico tem uma capacidade de suporte e de autodepuração, que é a possibilidade de receber a poluição e dar conta de se autolimpar. No entanto, com o aumento da população, cresce também o despejo de matéria orgânica no leito do rio, principalmente de esgoto sanitário e efluentes industriais. De acordo com ela, esses fatores foram preponderantes para o Cachoeira chegar ao estado em que está hoje.
A boa notícia é que há um plano de despoluição do rio que reúne a Secretaria de Meio Ambiente (Sema), responsável pela fiscalização das atividades potencialmente poluidoras, licenciamentos ambientais e controle da água do rio, e a Companhia Águas de Joinville, que tem o compromisso de estender a rede coletora de esgoto para toda a bacia do rio Cachoeira. Hoje, a cobertura é de 43% em cerca de 84 quilômetros quadrados de área, que concentra 250 mil habitantes.
– Há a vontade de despoluir, mas também tem o processo para você chegar lá. Não posso precisar uma data, mas a gente percebe que nos últimos anos tem ganhado velocidade nesse processo. Acho que esse plano contribui para isso: focar ações. E isso tem dado resultado até agora – diz Dieter Klostermann, gerente de desenvolvimento e gestão ambiental da Sema.
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Qualidade subiu de 24 para 35
Nos últimos dados divulgados pela Secretaria de Meio Ambiente, os números de índice de qualidade de água (IQA) apresentaram um aumento se comparadas as pontuações de 2013 e 2014. De acordo com o órgão, o valor subiu de 24 para 35, em uma escala que vai de zero a cem. O resultado ainda é considerado ruim na classificação desse sistema, mas traz esperanças para a administração pública.
– O rio Cubatão está com nota entre 75 e 80 na região de Pirabeiraba e do Quiriri. Então, se usarmos ele como referência de uma boa qualidade e uma meta a ser atingida, o Cachoeira está em 50% – afirma Klostermann.