Segundo dados do Ministério da Saúde, dois em cada três episódios de violência sexual contra crianças e adolescentes no Brasil foram registrados dentro de casa. Em 25% do total de casos, os abusadores eram amigos ou conhecidos da vítima; em 23%, o crime foi cometido pelo pai ou pelo padrasto.
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Os números são de 2018, quando o país registrou 32 mil notificações deste tipo, o que equivale a mais de três casos a cada hora. Em Santa Catarina, o número de ocorrências, entre janeiro e meados de maio deste ano, teve uma queda de cerca de 40% – foram 675, contra 1.121 durante o mesmo período em 2019.
Porém, há ainda a preocupação sobre os casos que não são denunciados ou a demora para que sejam impedidos. Um dos exemplos é o caso do tio suspeito de estuprar a sobrinha durante quatro anos, além de engravidar a criança – atualmente, ela está com 10 anos de idade. Ele foi preso em Minas Gerais nesta terça-feira (18).
– É possível abordar sobre esses assuntos com as crianças, por menores que sejam, através de uma conversa franca, aberta e dentro das condições de compreensão da criança – disse Edgar Piva, supervisor do projeto Ciranda, em Tijucas, que trabalha com crianças e adolescentes as questões acerca do tema, com linguagem específica para a faixa etária.
De acordo com o professor, há exemplos de organizações não-governamentais e ações públicas no combate à exploração sexual de crianças e adolescentes. Porém, ele acredita que existem barreiras, não só de fator político-econômico, mas também em relação ao ponto de vista de parte da população.
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– Às vezes, há dificuldades de investimentos em programas sociais. Há também uma certa resistência devido a um pensamento conversador, em que as pessoas acreditam que não se deve falar sobre determinados assuntos, pois estariam incentivando uma vida sexual mais precoce – declarou Piva.
No levantamento do Minstério da Saúde, das 32 mil ocorrências notificadas de crime sexual contra menores em 2018, 13,4 mil tiveram como vítimas crianças entre zero e nove anos – três a cada quatro casos foram com meninas.
Ouça a entrevista completa: