A briga entre as torcidas de Atlético-PR e Vasco, no último domingo, na Arena Joinville, chocou o país e o mundo. O Brasil começou a semana em busca soluções para combater de forma efetiva a violência que cresce nos estádios e mancha a imagem do país a seis meses da Copa.
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Para George Felipe de Lima Dantas, consultor em segurança pública formado na George Washington University, nos EUA, a discussão deve ser ampliada e exemplos de países como a Inglaterra, que praticamente eliminou dos estádios os chamados hooligans, devem ser analisados.
ENTREVISTA
George Felipe de Lima Dantas – Consultor em segurança pública
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Diário Catarinense – Não ter polícia dentro do estádio é a melhor solução? Na Europa é assim, e os níveis de violência são baixos se comparados ao Brasil…
George Felipe de Lima Dantas – Essa é uma cultura que a Fifa tenta trazer para o nosso país. As empresas que patrocinam o futebol na Europa também são encarregadas da segurança dentro dos estádios. O Brasil, no entanto, ainda não está pronto para implantar um sistema semelhante a esse.
DC – Então o senhor é favorável à presença da Polícia Militar na parte de dentro dos estádios?
Dantas – No Brasil, não existe força capaz de evitar tragédias como essa que não seja a Polícia Militar. As torcidas organizadas, em sua grande maioria, agem como gangues. Nesses ambientes, a violência e o crime são incentivados. Atualmente, só a PM não basta, precisamos da força armada nos estádios para coibir a ação dos vândalos. A praça de espetáculo não é lugar para confronto.
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DC – Você é contra as torcidas organizadas?
Dantas – Não sou contra as organizadas, mas elas existem em nome de quê? Se o clube ajuda a torcida a se manter, ele também está patrocinando a violência. O que precisa acabar é esse clima de impunidade. O ideal seria criar uma ligação entre clube e torcida, para que seja mais fácil identificar os torcedores uniformizados. Por exemplo, no momento em que se compra um ingresso, você deveria ser identificado com nome e foto. Isso não é novo e nem espetacular. Isso é praxe em muitos países do mundo e garante um pouco mais de segurança àqueles que querem ir ao estádio para torcer.
DC – O que marcou a mudança no sistema de segurança europeu?
Dantas – Foi na Eurocopa de 1996, na Inglaterra, em plena vigência do terror do hooliganismo. O que a polícia fez foi mapear as pessoas com problemas em outros países e essas foram impedidas de chegar à Grã-Bretanha. Passando, elas eram vigiadas para não chegar aos estádios. Lá, o torcedor que briga cumpre pena e nunca mais volta ao estádio. Aqui, ele volta quando quer. Esse é o problema.