– Hoje é possível combinar e integrar tecnologias de uma forma como nunca aconteceu – afirma o jornalista inglês Peter Marsh.

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O profissional é o autor do livro The New Industrial Revolution – consumers, globalization and the end of mass production (A Nova Revolução Industrial – consumidores, globalização e o fim da produção em massa, ainda não traduzido para o português).

A obra já contabiliza 30 mil cópias vendidas apenas na China e foi considerada um dos melhores livros de economia e negócios na lista da The Economist, em 2012.

Marsh dedicou dez anos ao trabalho, com inúmeras pesquisas e entrevista com 5 mil empresas, em 30 países. O resultado reflete a experiência de três décadas de cobertura de economia e tecnologia para o jornal inglês Financial Times.

A quinta revolução

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Para Peter Marsh, o mundo está à beira de uma nova era industrial que vai criar muitas oportunidades para aqueles que tiverem talento e imaginação para capitalizá-las.

De acordo com o jornalista, vivemos a chamada Quinta Revolução Industrial e vários fatores a impulsionam – não haveria um tema único por trás da nova revolução.

Marsh cita, por exemplo, a explosão no desenvolvimento de novas tecnologias, muitas aplicadas em combinação e de forma mais eficaz do que antes; a maior facilidade de personalização de produtos; o aumento da importância das indústrias chamadas de “nicho”; a união de cadeias de fornecimento de bens e de informação; a presença definitiva dos países emergentes no jogo; e a maior influência de fatores ambientais nas operações.

Um ponto de destaque para o autor é a personalização em massa, uma fase que começou nos anos 2000 e que está um passo além da customização. Significa fazer produtos tão especiais que se tornam únicos.

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Uma das empresas que melhor caracterizam essa fase, segundo ele, é a francesa Essilor. Das 320 milhões de lentes oftálmicas produzidas por ela em 2010, cerca de 100 milhões eram únicas.

Viagem pela indústria

Em The New Industrial Revolution, Marsh mergulha nas transformações sofridas desde o advento da Revolução Industrial até os dias de hoje. Ele mostra como o papel de países desenvolvidos e em desenvolvimento se altera ao longo do tempo e como as novas tecnologias impactam o processo produtivo.

Os fatores que explicam como a China conseguiu a façanha de desbancar um século de supremacia norte-americana e assumir a posição de maior fabricante mundial, em 2010, também aparecem no livro.

Entre os fatores, estão a grande população chinesa, o baixo custo da mão de obra e o apoio governamental para empresas com sede no país.

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Durante a produção do livro, a brasileira Embraer recebeu a visita do jornalista em sua sede, na cidade de São José dos Campos (SP). Lá, Marsh conheceu a alta tecnologia da empresa, descobriu que um avião contém mais de 200 mil partes únicas e que sem equipamentos de simulação, a concepção e construção de uma aeronave moderna não seriam possíveis.

O dia em que executivos da Toyota visitaram a Ford

O livro é recheado de histórias. A obra descreve quando a direção da ainda discreta Toyota visitou a gigante americana Ford.

Durante o tour pela fábrica, em 1950, os japoneses perceberam que a permanência de produtos em estoque poderia gerar desperdício.

Também notaram que o sistema na Ford era planejado para fazer carros predominantemente com o mesmo design, atender pequenas variedades e grandes volumes.

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A Toyota viu, então, que o sistema da Ford não seria o melhor para o Japão, onde a demanda por carros era muito menor do que nos Estados Unidos e havia maior exigência por variedade de modelos.

Alguns anos depois, em nova viagem aos Estados Unidos, os japoneses da Toyota se encantaram com o sistema utilizado em supermercados norte-amercianos, pelo qual os clientes escolhiam exatamente o que queriam e na quantidade desejada.

A lógica por trás dos supermercados se tornou parte da maneira como a Toyota planejou o seu Sistema Toyota de Produção.

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