O Facebook desenvolve tecnologia que permitirá que crianças menores de 13 anos possam usar o site de redes sociais sob a supervisão dos pais. Para a empresa, a iniciativa representa um passo que pode ajudar a conquistar um novo grupo de usuários e receitas. Para as famílias, um aumento na preocupação sobre a privacidade dos filhos.

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Doutoranda em Psicologia Educacional LPG (Laboratório de Psicologia Genética) na Unicamp, a pedagoga Adriana Ramos compara o uso da internet por crianças menores de 13 anos àquela velha vontade de aprender a dirigir antes da idade exigida por lei (18 anos).

Professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental por 15 anos, a especialista em relações interpessoais e desenvolvimento moral defende o diálogo como melhor forma de conscientizar a criança sobre os perigos e benefícios da internet.

Diário CatarinenseA partir de que idade uma criança tem discernimento para navegar na internet?

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Adriana Ramos – Antes dos 12 anos, aproximadamente, a criança ainda não tem condições cognitivas de controlar muitas variáveis e se torna vulnerável nas redes sociais. Os riscos são maiores do que os benefícios.

DC – O que deve ser feito quando os pais descobrem que o filho tem um perfil no Facebook?

Adriana – Primeiramente, conversar e orientar, mostrando que ainda não é a idade para usarem essa ferramenta, assim como fazemos com tantos outros assuntos, como dirigir antes dos 18 anos.

DC – E se a criança pedir permissão ao pai?

Adriana Eu tenho uma filha com nove anos que já me pediu, e eu conversei explicando todos os riscos e dizendo que ela ainda não tem idade. É preciso ser firme, pois cabe ao adulto educar a criança.

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DC – A instalação de softwares de proteção é necessária?

Adriana – A melhor forma é o diálogo. Pais que precisam usar esse recurso (instalação de softwares) demonstram que algo não vai bem na relação e que precisam rever isso. Confiança é fundamental para a construção de valores morais.

DC – Os pais devem criar um perfil para observar o que o filho posta na rede?

Adriana – Não. Somente se de fato querem ter um perfil. Vigiar é a prova que a relação não é mais confiável.

DC – Qual deve ser o termômetro para uma conversa com o filho? Quais atitudes devem preocupar os pais?

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Adriana – O diálogo precisa ser respeitoso, claro e firme. Os pais são os adultos da relação e devem se posicionar dessa forma, sem ser permissivos ou autoritários. É importante que as crianças cresçam percebendo que podem confiar nos pais.