Quem estuda o consumo na infância se preocupa com a influência da publicidade. Para Regina de Assis, consultora em educação e mídia e umas das maiores especialistas do tema no país, as crianças ficam expostas a fixação de padrões de beleza, aceitação social e de sucesso pessoal e coletivo. O diálogo e os exemplos ajudam os pais a repassar aos filhos a importância do consumo consciente.

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Segundo Regina, ex-secretária municipal de Educação do Rio de Janeiro, os pequenos são mais influenciados pela publicidade entre os três e os seis anos, momento em que formam sua identidade e capacidade crítica de discernir, e dos 11 aos 15 anos, quando necessitam ser aceitos e admirados – na escola, em festas, esportes e outras atividades.

– A propaganda trabalha os desejos e as necessidades de forma sutil, subliminar ou “escancarada”, sem tomar em conta se pais ou responsáveis estão de acordo, ou têm capacidade de comprar o que é oferecido – destaca.

Um exemplo é a questão alimentar. O Projeto Criança e Consumo, que milita pela regulamentação da propaganda para crianças, contratou uma pesquisa do Datafolha para identificar a opinião de pais com filhos de até 11 anos sobre o impacto da publicidade de cadeias de fast food e alimentos não saudáveis em seus rebentos. Quase 80% apontaram que há prejuízo nos hábitos alimentares das pequenos, que costumam insistir para que os pais comprem os produtos anunciados.

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Para minimizar a influência, Regina ressalta a necessidade de esclarecer as crianças de ser é mais importante do que ter. Valores como honestidade, persistência, generosidade e respeito também entram na equação, que precisa do reforço da escola.

– É importante o diálogo, negociar alternativas aos pedidos da criança e não ceder. Não adianta proibir e depois voltar atrás – completa Lais Fontenelle Pereira, do Criança e Consumo.