Prática de corrida requer cuidados para evitar lesões nos joelhos Correr é talvez o exercício físico mais acessível que existe. Mas para que possa ser praticado com segurança são necessários alguns cuidados. Cirurgião ortopedista especializado em trauma ortopédico e cirurgia de joelho, além de membro de pelo menos cinco sociedades médicas nacionais e internacionais, o doutor Paulo Henrique Araujo dá dicas a quem já corre ou quer começar a correr.
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– O impacto de cada passada numa corrida impõe aos joelhos uma sobrecarga que chega a cinco vezes o peso do corpo do praticante. Com o tempo, se não houver o preparo adequado da musculatura dos membros inferiores, o joelho passa a sofrer um processo de desgaste, levando a lesões meniscais e cartilaginosas – diz ele.
A diferença de correr em esteira, rua ou pista de atletismo está tanto no tipo de piso onde o esporte se desenvolve quanto nos riscos de cada um deles.
– O asfalto é uma superfície mais dura e gera um maior impacto aos joelhos, enquanto que a esteira e a pista de atletismo têm melhor absorção do impacto. Outra diferença diz respeito a possíveis irregularidades do piso que podem levar a entorses. Na rua e numa pista mal conservada de atletismo, os riscos são maiores – alerta o ortopedista.
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Além de um piso mais duro, a prática de corrida nas ruas também conta com um percurso muitas vezes entremeado de subidas e descidas, o que interfer na biomecânica do corpo.
– Quando a corrida é praticada em aclive ou declive, os grupos musculares mais envolvidos mudam e as forças que agem nos joelhos também. Nas subidas, o trabalho muscular é maior e, com isso, existe uma diminuição no ritmo e um menor impacto sobre os joelhos. Nas descidas, há a tendência de aumentar o ritmo e, com isso, o impacto pode ser maior e a musculatura do quadríceps passa a ser utilizada para frear a velocidade da descida. Esse mecanismo provoca uma sobrecarga no tendão patelar, no tendão quadriciptal e cartilagem da articulação patelofemoral, podendo desencadear lesões nestas estruturas – esclarece.
Segundo Paulo Henrique Araujo, as lesões mais frequentes são a condropatia patelar (condromalácia), a síndrome do trato iliotibial (joelho de corredor) e as canelites (que podem evoluir para fraturas na tíbia por estresse).
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– A condromalácia é um problema que acomete a cartilagem da patela, que perde sua consistência normal. Se não for tratado, ele pode progredir para fissuras e perdas cartilaginosas mais extensas. Essa é uma lesão muito comum entre os corredores – explica.
As lesões nos joelhos podem acometer tantos corredores de longas como de curtas distâncias.
– Em todas as modalidades, as estruturas dos joelhos são fortemente afetadas. Os corredores de curta distância se utilizam da explosão muscular para atingir grandes velocidades e, por isso se expõem a impactos maiores, porém com curta duração, enquanto que os corredores de longa distância têm impactos menores por mais tempo – comenta especialista.
– O tratamento varia de acordo com a patologia, mas, de forma geral, é feito por meio do reequilíbrio muscular, sessões de fisioterapia, um bom programa de treinamento e um bom tênis. As condromalácias respondem bem ao tratamento e o paciente volta a praticar as corridas depois de dois a três meses, em média – garante o ortopedista.
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O tratamento cirúrgico é menos frequente, mas possível em casos específicos.
– A técnica empregada no tratamento cirúrgico dependerá do grau da lesão apresentada e, principalmente, das causas que levaram ao seu aparecimento – explica.