Desde sexta-feira, quando o sequestro da engenheira Carolina Luisa Viera pôde ser acompanhado pela internet, pergunta-se até que ponto as redes sociais podem ajudar na resolução de crimes. A família recorreu ao Facebook para informar amigos e conhecidos sobre o caso. O Diário Catarinense conversou com Rogério Nogueira Meirelles, policial federal aposentado e consultor na área de segurança da informação.
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Diário Catarinense – O que o senhor achou da decisão da família em usar as redes sociais?
Rogério Nogueira Meirelles – Penso que eles tiveram muita sorte. Foi uma decisão arriscada.
DC – O desfecho poderia ter sido outro?
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Meirelles – Sim. Talvez isso não tenha ocorrido por ser um crime sem planejamento, onde até a arma era de brinquedo e onde o bandido agia sozinho.
DC – Houve informações repassadas diretamente para as redes sociais. Isso deve ocorrer?
Meirelles – As informações devem ser repassadas sempre para a polícia, que acompanha o caso. Sabemos de muitos sequestros onde os bandidos fazem o monitoramenteo de dentro dos presídios, através de telefones celulares.
DC – O risco aumenta?
Meirelles – Com certeza pode aumentar. Ao saber que foram descobertos e estão sendo acompanhados, os bandidos podem decidir: “Queima o arquivo”.
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DC – O senhor imagina que a partir do aparente sucesso deste caso, as redes sociais possam ser usadas em situações semelhantes?
Meirelles – Temo por isso. Repito que essa família teve muita sorte. Os próximos crimes, principalmente os planejados, poderão ter outros desfechos.
DC – Esse procedimento que foi adotado não deve ser usado como regra?
Meirelles – Penso que não. É um risco muito grande.
DC – O senhor é um especialista em segurança da informação, mas meio arredio às redes sociais?
Meirelles – Minha atuação policial, treinando policiais federais e civis para lidar com informação, me permite dizer que polícia e bandidagem são os maiores usuários das redes. É uma exposição: perfil, o que a pessoa gosta, onde vai, com quem vai. Vivemos em um país que ocupa o segundo lugar no mundo em acesso às redes sociais. Para mim, rede social é uma arma para o bandido.
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