O secretário Ivo Bachmann admite que o adensamento da região central, com aumento de moradores nos bairros Victor Konder e Jardim Blumenau, é uma estratégia da prefeitura de Blumenau, inclusive prevista no Plano Diretor aprovado em 2018. A justificativa é que o custo de serviços como educação, saúde, energia elétrica, água, saneamento básico e infraestrutura urbana poderá ser dividido por um número maior de pessoas.
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O diretor de Planejamento Urbano de Blumenau, Roger Schreiber, afirma que o bairro Victor Konder tem poucos lotes vazios, de forma que a solução é aumentar o tamanho dos prédios. Apesar de o bairro ter a maior concentração demográfica do município, ele ressalta que o índice ainda é baixo e há possibilidade de crescimento na parte mais próxima do Centro, onde as construções ainda são baixas.
Para Carla Cíntia Back, coordenadora e professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Furb, é necessário planejar o adensamento do perímetro urbano com equilíbrio. A mestre em engenharia ambiental afirma que é positivo ter mais pessoas morando próximas da região central, além da possibilidade de não usar o transporte coletivo. Porém, ressalta que há um limite denominado "capacidade de suporte" para cada área.
Ela afirma que as cidades com grande área em que as pessoas moram dispersas tornam-se inviáveis economicamente, já que o município fica sem condições de oferecer a infraestrutura básica prevista na Constituição. Além disso, destaca que quando a lei de zoneamento permite apenas a construção de prédios baixos, há o risco do crescimento da cidade ocorrer sobre as áreas de preservação ambiental.
— É bom pela questão de você dar o acesso a mais gente morar perto de tudo. Na Rua XV de Novembro, por exemplo, foi feita uma pesquisa que indicou que há bastante área construtiva de comércios, mas que residencial há pouco. É um exemplo onde poderia ter mais residências, com movimento durante o dia e moradores durante a noite — explica Carla.
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Entretanto, a especialista afirma que antes desse processo seria necessário uma mudança cultural, principalmente com relação ao uso de carro, para não agravar ainda mais o problema de mobilidade urbana do Centro. Serviços como abastecimento de água e recolhimento de lixo também podem estar próximos da capacidade máxima no município.
— Em casos extremos, como Balneário Camboriú, quem mora na frente do mar é beneficiado. Mas quem está atrás tem insalubridade porque não há sol, então vai propiciar problemas de doenças nas pessoas porque não há o sol para matar os ácaros. Isso tudo diminui a qualidade de vida, por isso é necessário pensar no mínimo de conforto e qualidade ambiental para a cidade — avalia a especialista.