É com muita emoção e carinho que Isabel Cristina Duarte Borba, 51 anos, fala de sua “boadrasta”, como gosta de se referir a Iracema da Costa Borba, 61 anos.
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Isabel tinha apenas 12 anos quando a mãe biológica faleceu. Dois anos depois, o pai dela, seu Américo, conheceu Iracema, namoraram por três meses e se casaram.
– Considero a nossa vida familiar um ato de amor, e o maior exemplo disso foi meu pai. Ele estava viúvo aos 36 anos e com cinco filhos para cuidar. Alguns tios e padrinhos queriam nos levar para ajudar na nossa criação, mas meu pai não deixou. Ele disse que quem quisesse ajudar, que fosse até a nossa casa -, relembra.
Para ela, a outra prova de amor aconteceu quando Iracema, aos 25 anos, aceitou o pedido de casamento de seu Américo para começar uma nova vida ao lado dele e de seus filhos.
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O casal se conheceu por intermédio de um irmão de Américo e se apaixonaram. Isabel foi a primeira a saber do romance pelo pai e deu todo o apoio. Depois, ele comunicou ao outros filhos sobre o relacionamento para certificar-se de que todos estavam de acordo.
– O pai passava com o nosso fusquinha na frente do mercado onde ela trabalhava lá em Itajaí, aí ele buzinava e todo mundo abanava a mão junto para ela -, recorda-se Isabel, arrancando risos dos pais.
Iracema garante que em nenhum momento ficou assustada com os fato de ele ter cinco filhos, e toda a família a recebeu muito bem.
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– Eles sempre me respeitaram muito. Claro que foi difícil assumir tudo assim, era muito nova, inexperiente, mas nunca tive preguiça de acordar cedo, cuidar da casa, deixar tudo pronto para eles.
No dia do casamento, os cinco filhos ficaram encarregados de levar a noiva até o altar.
– Ela estava divina -, lembra a enteada. Por um pedido de seu Américo, a partir daquele dia, todos os filhos passaram a chamá-la de mãe.
A família de Iracema também recepcionou os enteados como se fossem do mesmo sangue. Isabel recorda-se de quando estavam em uma festa em Itajaí e uma vizinha questionou um gesto da mãe de Iracema. – Ela falou ‘vem com a bisa'”, para minha filha Carol e a vizinha perguntou por que ela estava falando aquilo se ela não era bisneta dela. Ela se virou e disse: ela é minha bisneta, sim! Foi a primeira vez que vi a vó brava. Ela realmente se ofendeu com aquilo -, conta.
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Outra passagem marcante para Isabel aconteceu quando ela e a outra irmã decidiram se casar. Elas foram contar a Iracema sobre os casamentos e a preparação dos enxovais, mas a madrasta já tinha comprado tudo com o dinheiro que elas entregavam todo mês para ajudar nas despesas da casa.
– Ela escondeu o dinheiro do pai, economizou tudo para comprar nosso enxoval. Até hoje tenho as toalhas e colchas bordadas que ela nos deu de presente.
A mesma dedicação Iracema tem pelas netas. Como é doceira, quando a filha de Isabel se casou, por exemplo, ela fez questão de preparar o bolo de casamento.
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– Eu vi o carinho com que minha mãe fez o bolo de casamento da minha filha. Minha filha, aliás, é muito parecida com a avó, toda organizada. E gosta tanto dela que veio morar na casa ao lado -, comenta Isabel.
Ela diz, emocionada, que o pai sempre a ensinou que a vida deve ser baseada em amor, respeito e responsabilidade e que Iracema também proporcionou tudo isso a eles.
– É isso que eu sinto e era isso que gostaria de dizer para ela -, fala, enquanto abraça a mãe.
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