Cada uma das histórias de vida foi arrematada com sentimentos que só palavras não conseguem explicar. Frases que transbordam emoção e que descrevem o amor e a ternura do significado de ser mãe. Basta conhecer Dona Maria, de São José, por meio dos depoimentos de suas filhas e neta, e se deixar levar pelas lembranças da infância – retalhos coloridos que o tempo só valoriza – para transformarmos as recordações em uma colcha belíssima, bordada com gratidão e amor.
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Aproveite o domingo, Dia das Mães, para agradecer, beijar, abraçar e, principalmente, lembrar sua mãe do quanto ela é especial e única. Parabéns, mamães!
Amor em manto de palha
Maria Andrett, nos seus 88 anos, se diz uma pessoa feliz. A grande família, de 15 filhos, 28 netos e 24 bisnetos, é como uma imensa colcha de retalhos, onde cada membro foi alinhavado com o mesmo amor e dedicação. Alegre e com os filhos criados, Dona Maria participa do grupo de idosos três vezes por semana. Prefere pizza a cozinhar arroz e feijão quando está sozinha. Mas a vida já foi bem menos doce que as bolachas de açúcar que ela faz no Natal.
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– Passei fome, contei os trocados para dar comida aos meus filhos. Mas nunca deixei de acreditar que o futuro seria melhor. E foi.
Aos 17 anos Maria saiu da Capital para Chapecó, no Oeste. Lá conheceu João, um italiano teimoso, que virou seu marido. Foram morar numa casa de um cômodo. E vinha um filho por ano.
– Criei todos em mantas feitas de palha de milho, no meio do mato. Não era fácil, mas nunca deixei de ensinar respeito e união – diz.
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Dona Maria era professora. Ensinava os índios e os filhos a ler e escrever, em Chapecó. Dona de um estado de espírito que leva qualquer um às gargalhadas, afirma não saber o que é a tristeza.
Sabedoria pintada à mão
Olhando as mãos de Dona Maria, Vânia aprendeu a pintar. A simplicidade de uma também mora na outra. Mãe e filha são cúmplices. Enquanto Dona Maria coleciona livros e fotografias, Vânia armazena telas de pintura. Mãe de duas mulheres e um adolescente, ela também é avó da mais nova bisneta da matriarca.
– Da minha mãe eu herdei a delicadeza em trabalhar com as mãos. Talvez por ela ter nos criado no meio dos índios, sempre fizemos nossos próprios brinquedos, cestos de pão e até enfeites da casa. O motivo disso eu não sei. Só sei que é assim e é maravilhoso.
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Dividindo a mesma cadeira, na cozinha da mãe, Vânia e Rose relembram um pacto de infância: as duas unem os braços e dizem “amigas para sempre”. Uma gargalhada vem logo depois. Assistindo à cena, Dona Maria revela:
– Que orgulho tenho dos meus filhos. Nenhum bebe, nenhum fuma. O único vício deles é essa felicidade.
Mamãe coloriu a infância
A filha mais nova de Maria é Rose, 46 anos. A simpatia faz delas semelhantes. A caçula afirma ter características da mãe, como persistir na busca de sonhos. Mas o que mais colaborou para o caráter de Rose, foi o que ela viveu na infância:
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– No Natal não tinha ceia, mas a gente se reunia em volta da árvore para rezar. Na Páscoa, o chocolate nunca chegou, mas a alegria ao pintar as casquinhas de ovo, a gente sempre teve. Era uma criança feliz, mesmo tendo bonecas de fiapos de madeira com palha como brinquedo. Quando uma roupa não servia mais para um, servia de presente para o mais novo. Apesar de sermos em tantos irmãos, ela nunca deixou ter briga. É essa união que faz de mim uma mulher forte e realizada.
Falar de Dona Maria deixa Rose com lágrimas nos olhos:
– Foi com ela que aprendi a ser mãe. Sei que ela não vai viver para sempre, mas espero que a união continue nos fazendo felizes.
Igualzinha à avó
Ao tentar dizer o que sente pela avó, Sabrina perde a voz e chora. Filha de Rose, a jovem de 24 anos se orgulha dos laços familiares que cultiva. Mais agitada que a mãe, Sabrina se diz uma pessoa teimosa. No meio da conversa, na cozinha da casa da avó Maria, Sabrina e Rose trocam olhares e sorrisos.
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– Minha mãe me ensinou que a gente educa com amor, ela aprendeu isso com a mãe dela e eu passo aos meus alunos. As lembranças da vó, de quando dava aulas, me inspiraram. No ano passado eu me formei e hoje dou aula também. Isso foi uma alegria para a família – diz a jovem.
Sabrina está contando os meses para o casamento, em dezembro. Já comprou um apartamento junto com o noivo que, segundo Dona Maria, é “uma gracinha de rapaz”.
A neta quer ver a avó levando suas alianças de casamento até o altar, assim como fez uma prima. Sobre o que sente por Dona Maria, ela revela:
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– Sinto como se fosse envolvida por uma alegria. É um otimismo que a vó passa para quem entra na sua casa. Não tenho muita idade, mas quando tiver a idade dela, quero ser igualzinha.