Falar que em Florianópolis a cultura é um marasmo é fácil, difícil é dispor-se a conhecer todas as manifestações artísticas da cidade, tantas vezes escondidas em seletas apresentações de garagem. Tão cosmopolita como a própria população é a produção musical da Capital, que há dois anos tem um palco para chamar de seu. É a Casa de Noca, espaço cultural localizado bem no meio da tradicional Avenida das Rendeiras, na Lagoa da Conceição. Lá, a música autoral e independente de Santa Catarina e do resto do Brasil pode dizer muito prazer, eu existo. E tenho conteúdo.
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A Casa de Noca começou como uma festa, despretensiosamente ou não intitulada Revolução Cultural. Foi no dia 1º de dezembro de 2011, no antigo sobrado que há tempos não encontrava melhor vocação. Hoje, dois anos depois, a casa é reconhecida por sua versatilidade musical. A alcunha de multigêneros faz sentido: ela é o lar de músicos dos mais variados estilos, de rock’n roll, rap, reggae, forró, passando pelo soul, salsa, choro, até o bom e velho samba de raiz.
– Quando abrimos achamos que a casa atrairia turistas, mas as pessoas da cidade é que abraçaram o lugar. O público e as próprias bandas pediram para ficarmos – conta o jornalista Marinho Freire Costa, 30 anos.
Ele é um dos cinco integrantes do coletivo gestor do local, formado por Renato Zetehaku Araújo, 28 anos, Rafael Matheus Custódio Ribeiro, 29 anos, Rafael Rodrigues, 29 anos, e Wesley Rocha de Paula, 30 anos. Cada um deles veio de um lugar diferente do país e tem uma profissão diferente: um é engenheiro, outro é geógrafo, o terceiro é formado em Cinema mas trabalha como cozinheiro. Há ainda um jornalista e o último que está concluindo a graduação em Física. O que eles têm em comum? A paixão por arte e música.
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– Sempre prezamos pela qualidade musical. O princípio que nos norteia é que as festas sejam aquelas que gostaríamos de frequentar. Queremos que todas as noites sejam legais para todo mundo – diz Rafael Rodrigues.
Integrantes do coletivo gestor da Casa de Noca, em Florianópolis
Foto: Caio Figueiredo / Agência RBS
Quebra-cabeça cultural
A programação mensal da Casa de Noca é um grande quebra-cabeça. No inverno, quando o espaço abre de quinta a sábado, cada noite privilegia um gênero musical diferente. É uma maneira de agradar a todas as tribos e fazer o público girar. Além de evitar cair no abismo da repetição e dos mesmos de sempre.
– Levamos em consideração a questão da música autoral e o tributo a grandes mestres, o resgate musical de cantores que nunca vêm para cá – comenta Renato Zetehaku Araújo.
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Tudo isso combinado a uma dose de bom senso e de faro para saber o que as pessoas gostam e querem ouvir. E também dançar. Hoje é até difícil encaixar na agenda uma data para os músicos que procuram a casa. Como tem parceria com outros coletivos de arte ou música, as indicações de bandas surgem tanto a partir da produção dos próprios gestores quanto de propostas de terceiros.
– Quem já tocou quer tocar de novo, quem não tocou ainda quer tocar – diz Rafael Rodrigues.
No verão a casa abre de terça a domingo e a proposta de ser uma agenda-mosaico de gêneros é a mesma, com ainda mais variedade.
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Espaço de artes
Outra peculiaridade da Casa de Noca é a decoração, feita a muitas mãos. As paredes com frequência têm obras de arte de artistas da cidade. A intenção é transformar o espaço numa galeria de exposições num futuro próximo.
Outro detalhe é a ausência de formalidades, tanto no ambiente como nas regras do lugar. Esse conceito está alinhado com o nome do espaço, Casa de Noca, uma expressão popular também conhecida como “casa da mãe Joana”. Uma das definições que os integrantes do coletivo mais gostam é “casa onde se preza pela liberdade’.
Hoje, véspera da data oficial do aniversário, a programação inclui espetáculo de tecido acrobático, sapateado, choro e samba de raiz. Só tem que chegar cedo, porque a casa está sempre sujeita à lotação.
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:: Agende-se
O quê: festa de dois anos da Casa de Noca
Quando: hoje, a partir das 22h
Onde: Casa de Noca, (Avenida das Rendeiras, 1.176, Lagoa da Conceição, Florianópolis)
Quanto: R$ 15 / R$ 20 (depois da 0h)
Informações: (48) 3238-5310