A arte contemporânea depende de vários agentes para sua legitimação. Para que a produção artística seja valorizada, ela tem de ter o aval de pessoas que atuam no circuito institucional (bienais, museus, coleções públicas, espaços culturais) e no mercado de arte (galerias, leilões, coleções privadas, feiras). É na relação entre essas duas esferas que se dá o reconhecimento da obra de um artista. Mas quem são esses agentes? São curadores, críticos, diretores de museus e instituições culturais, colecionadores, jornalistas, professores, galeristas. Em algumas regiões o funcionamento dessa rede se dá de maneira mais organizada. No Brasil, destaca-se São Paulo, seguida por Rio de Janeiro – mais atrás vêm Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Recife e Salvador.
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Em Santa Catarina essa estrutura existe, mas de forma mais precária e isso se reflete no reconhecimento de nossos artistas, que de modo geral têm pouca visibilidade fora daqui. São raros os que conseguem entrar no circuito nacional da arte contemporânea. Poucos participam dos salões que ocorrem pelo país. Alguns se sentem obrigados a deixar o Estado na busca desse reconhecimento. A maioria acaba se limitando ao circuito regional. Por outro lado, por uma questão de deslocamentos e incentivos, o público local pouco sabe o que está acontecendo nas artes visuais além das fronteiras estaduais e, em geral, conhecem artistas cuja produção tem mais apelo decorativo do que consistência. Para mudar essa situação é preciso conectar Santa Catarina com os principais centros culturais do país, aproximando o nosso público da produção contemporânea brasileira e, ao mesmo tempo, difundindo o trabalho de nossos artistas pelo país.
Desde que cheguei a Florianópolis, há 16 anos, busco promover o intercâmbio cultural ao organizar aqui exposições de nomes da arte brasileira e levar a São Paulo mostras de representantes catarinenses. Há dois anos, também com o intuito de inseri-los no circuito nacional, participo de feiras de arte na capital paulista. Hoje elas são importantes para essa inserção, pois ao reunirem as obras mais representativas dos principais nomes das melhores galerias recebem a visita concentrada de agentes do Brasil e do exterior capazes de legitimar os trabalhos expostos.
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Juliana reside em Florianópolis e participa intensamente do circuito de arte desde os anos 90. Ela expõe pinturas de paisagens urbanas e naturais feitas em tinta acrílica, fotografia, tela, vidro, acrílico, voal e linha. Elas formam a primeira de quatro duplas. Até o fim do ano veremos exposições de Ayao Okamoto (SP) e João Aires (SC), Diego de los Campos (SC) e Heleno Bernardi (RJ), Fernanda Valadares (RS) e Rodrigo Cunha (SC), sempre com o intuito de incentivar encontros valiosos entre os artistas, suas obras e seus públicos, contribuindo dessa forma para o aprimoramento da nossa rede de legitimação da arte.
AGENDE-SE
O quê: exposições entre-linhas, de Juliana Hoffmann, e Elementos, de Bettina Vaz Guimarães
Quando: até o dia 17 de julho, de segunda a sexta, das 9h às 20h
Onde: O Sítio (Rua Francisca Luísa Vieira, 53, Lagoa da Conceição, Florianópolis)
Quanto: gratuito
Informações: www.ositio.com.br