Se as contestadas políticas culturais de Joinville são eficientes ou não, é assunto para um longo e acirrado debate. Não longe da mesa de discussão, mas construindo uma trajetória alternativa, o Espaço Cultural Casa Iririú completa cinco anos de existência neste sábado focado na coletividade, no ecletismo e no incentivo à reflexão.

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Não é à toa que o aniversário será comemorado com um dos carros-chefes do rol de atividades da casa: a Partilha Cultural, uma despretensiosa mostra de talentos que dá ao fazer artístico uma conotação tanto de generosidade quanto de engajamento.

As raízes da Casa Iririú remontam a 2009, durante uma oficina de teatro ministrada por Norberto Deschamps num galpão no bairro Profipo. Ela foi finalizada com uma peça, O Canto do Povo de um Lugar, que no ano seguinte circulou por dez espaços da cidade.

Foi daí que surgiu o Grupo de Teatro O Canto do Povo, cujos ensaios passaram a ocupar uma casa de madeira na rua Xaxim, no Iririú, comprada pela atriz Andréia Russi em janeiro de 2011.

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São importantes as participações de Alexandre Ofuji, Afonso Vieira, Graziela de Sousa, Nicoli Costa, Silvia Regina Russi Vieira, Carol Spieker e Edgard Schatzmann na consolidação do espaço cultural. A oficialização se deu em 18 de junho de 2011, com uma partilha que reuniu mais de 200 pessoas.

Gerido pelos grupos O Canto do Povo e Navegantes da Utopia, o local passou a contar, além de ensaios, com cursos, lançamentos de livros, oficinas variadas, palestras e apresentações. Tudo gratuito ou a preços populares.

– Para mim, foi um acontecimento para a cidade, porque temos pouquíssimos espaço culturais – diz o ator e diretor Hélio Muniz, à frente da casa desde seu embrião.

Nessa fase, a Casa Iririú lançou uma mostra de teatro para grupos de oficinas livres existentes em Joinville. No ano passado, o evento reuniu mais de cem atores e atraiu cerca de mil pessoas.

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– Além de apresentações, a Casa Iririú tem responsabilidade pela formação de muita gente do teatro joinvilense – reforça o ator e diretor Marlon Zé.

No final de 2013, uma notificação da Defesa Civil proibiu o espaço de receber público. Como os custos para a reforma eram altos demais, o pessoal foi atrás de outro local. Após seis meses de itinerância, surgiu o atual, na rua Guaíra, ativo há dois anos.

Com a mudança, vieram os recursos do mecenato municipal (via Simdec), para a manutenção do espaço. A ajuda financeira possibilitou a criação de dois programas: o Papearte, encontros para discutir assuntos variados, de teatro a gastronomia; e a Escola Aberta de Cultura e Arte, que proporciona uma vasta gama de oficinas gratuitas, de circo a percussão, de figurino a pão sem glúten, de dança a origami.

É um exemplo bem acabado da diversidade que norteia a Casa Iririú e que desemboca na Partilha Cultural, realizada a cada três meses e símbolo de ecletismo e espírito coletivo. Tanto é que, além de várias parcerias, o espaço integra uma grande rede de grupos e artistas espalhados pelo País que se ajuda mutuamente.

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– Nosso slogan é trabalhar com pessoas interessantes e interessadas – diz Hélio, que confirma a motivação ideológica da casa, ainda que um tanto utópica.

– É um trabalho político, não no sentido partidário, mas de ser transformador da sociedade por meio da arte, da cultura e do pensamento.