Um valo aberto na rua Guilherme Tomelin virou ponto de conflito entre moradores e a Prefeitura de Guaramirim. As pessoas que vivem no local reclamam do mau cheiro e dos insetos. Segundo a Fundação do Meio Ambiente, cerca de 20 residências são responsáveis pelo forte odor que vem do valo. Elas não têm fossa e, com isso, os dejetos humanos são despejados diretamente no córrego que irriga os arrozais da região. Na segunda-feira, o órgão ambiental começou orientar e notificar os moradores do bairro Caixa D’Água para se adequarem à legislação e solucionarem o problema.

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Denis de Lima, 27 anos, é um dos moradores afetados pelo mau cheiro. Segundo ele, o córrego virou esgoto porque das 25 famílias que vivem no local, apenas cinco delas têm fossa na residência. A comunidade pede à Prefeitura que coloque uma tubulação na área para eliminar o mau cheiro e os insetos. Conforme Lima, os moradores já pensam em fazer um abaixo assinado nos próximos dias para tentar uma solução mais imediata.

_ Por causa do valo, muito mosquito acaba aparecendo aqui na rua. Temos crianças e isso não é saudável _ explica.

A Fundação do Meio Ambiente só tomou conhecimento da situação a partir de um contato da reportagem de AN Jaraguá. De acordo com o presidente do órgão, Jean Paulo Bazzani, a colocação de tubulação não irá resolver o problema, pois se faz necessária a colocação de fossa e filtro em todas as casas. Ele destaca, entretanto, que os profissionais da fundação irão orientar os moradores e dar um prazo de aproximadamente 45 dias para se adequarem. Depois disso, quem descumprir o prazo será notificado.

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_ É uma questão ambiental e de saúde pública. Vamos orientar essa comunidade, pois o problema afeta toda nossa rizicultura e o principalmente o meio ambiente _ explica Bazzani.

Para instalar uma fossa e filtro, Bazzani calcula que o preço fique em torno de R$ 800. Um técnico ambiental e uma engenheira sanitarista foram deslocados para a rua Guilherme Tomelin ontem para tirar as dúvidas da população. Bazzani também colocou o maquinário da Prefeitura à disposição dos moradores.

_ Queremos que o problema cesse e que as pessoas tenham consciência ambiental. É um investimento barato se formos levar em conta que o meio ambiente está sendo menos agredido _ enfatiza Bazzani.

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Valo existe há 45 anos

O valo que se transformou em uma córrego poluído foi aberto pelos produtores de arroz em 1969. Ele tem 32 quilômetros de extensão e leva água do rio Itapocu para irrigar as terras de mais de cem rizicultores da Associação Distribuidora de Água para Irrigação (Adai).

Segundo o presidente da associação, Valmor Correa, o valo passa pelos bairros Avaí, Caixa D’Água, Guamiranga e Quati. As principais preocupações são de que os produtores peguem alguma doença por estrar em contato com essa água ou que o solo fique gravemente contaminado.

Além disto, Correa conta que há dois anos mudaram o valo de local, pois a população já estava jogando dejetos humanos no local.

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Falta saneamento básico

O secretário de Planejamento e Desenvolvimento Urbano, Iran Wedi Siqueira, explica que o problema de saneamento básico é estadual e que já existe um convênio com a Fundação Nacional de Saúde Estadual (Funasa) para contemplar 60% da área urbana com o tratamento de esgoto. Nessa parceria, Guaramirim e mais 14 municípios serão beneficiados. Hoje, o esgoto produzido pelos moradores da cidade é despejado diretamente na rede pluvial.

_ O projeto seria entregue em outubro, mas está atrasado. Sabemos que a verba será federal. Quando o projeto ficar pronto, vamos para Brasília pleitear o recurso e garantir a implementação do saneamento no município _ explica.

Siqueira destaca o que falta para as pessoas é conscientização, pois a população só se preocupa com fossa e filtro na hora de vender o imóvel ou requerer um alvará. Segundo ele, a fossa e o filtro são medidas paliativas que não resolvem o problema da água, mas que diminuem a poluição nos rios.

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_ Em Guaramirim, há muitas casas irregulares que são anteriores À exigência de fossa e de filtro. Outras moradias ficam em áreas irregulares que também não existe controle. Mas aos poucos vamos conscientizando a população e revertendo a situação _ destaca Siqueira.